terça-feira, 4 de setembro de 2018

A Grécia. E uma receita de moussaka.

Uma parte importante das viagens é o que trazemos connosco. Não falo dos souvenirs que vêm na mala. Falo de outra coisa. Daquelas coisas que não se podem comprar, que incorporam os nossos dias, a nossa maneira de estar e de ver o mundo. Falo daquelas coisas que não encontramos em resorts de pulseira, iguais em toda a parte, quer seja na Ásia ou nas Caraíbas. Falo de experiências que só se podem ter naquele lugar. Mais ou menos lúdicas. Mais ou menos dolorosas. Viagens que, por razões diferentes, nos acompanham para sempre e que, se a memória não nos atraiçoar pelo caminho, farão parte de nós até ao fim dos nossos dias. 
Uma das viagens que fiz enquanto esta casa esteve fechada foi à Grécia. E apaixonei-me por este país. Para começar, pisar toda aquela História que estudámos na escola é uma experiência difícil de descrever. Passear pela Acrópole, tocar no lugar onde começou a democracia, caminhar pelo estádio dos primeiros Jogos Olímpicos são daquelas coisas que ficam guardadas, que não se esgotam no momento em que as vivemos. Ainda assim, quando penso na Grécia, não é a parte histórica a primeira que me ocorre. São as pessoas, a comida e aquela forma alegre de estar, não tão diferente da nossa. Somos do Sul, com tudo o que isso implica. E a identificação é imediata. É a gargalhada sonora, são as horas passadas à mesa, a comer com tempo, a apreciar os alimentos. Não é a refeição rápida, em meia hora, como nos países mais acima, onde não se perde tempo, seja lá isso o que for. Na Grécia, como em Portugal, ganha-se tempo à mesa. (Cá diz-se que à mesa não se envelhece. Ainda hei de perguntar aos meus amigos gregos se têm um ditado semelhante.) As iguarias vão desfilando. Pão, vinho, azeitonas, azeite, tomates muito vermelhos e saborosos. É o cheiro dos orégãos, do endro e da canela. Uma festa para quem gosta de comer e de fazer comida. 
































Apesar de já ter passado algum tempo desde que visitei a Grécia, os efeitos na minha cozinha mantêm-se. Não falo só das azeitonas e de outros produtos que trouxe na bagagem. Falo da minha forma de cozinhar. Apaixonei-me pela comida grega, pela sua simplicidade e produtos frescos.
Se para qualquer pessoa visitar Kalamata é uma viagem de sonho, para quem gosta de fazer comida, mais ainda. Em Kalamata, as oliveiras convivem com as águas transparentes em tons de azul. Adornam jardins, praias e ruas. Estão por todo o lado. E isso contagia-nos. Azeitonas, feta e tomate  já faziam parte das minhas listas de compras. Ainda assim, não eram daqueles ingredientes permanentes, com o estatuto dos ovos e do leite. Agora são. A salada grega (que aparecerá por aqui em breve) passou a fazer parte dos nossos dias. O molho tzatziki tornou-se presença ainda mais assídua. 
A receita que hoje partilho convosco faz parte de um dos livros que habitam a minha estante. Muito aromática, é uma receita com influência do país vizinho, a Turquia. Estava ali há anos e nunca lhe tinha prestado atenção. Foi preciso ir à Grécia e comer Moussaka (que aprendi que se acentua na última sílaba e não na penúltima, como pensava) para experimentar. A minha versão leva carne de vaca, em vez de borrego. Gostei imenso. Pode parecer presunçoso, mas acho que ainda ficou mais saborosa do que a que comi lá :)


Moussaka

Ingredientes para 6 pessoas:
3-4 colheres de sopa de azeite + um pouco para untar a assadeira e regar a beringela
3 cebolas grandes, picadas
4 dentes de alho, picados
1 kg de carne moída (borrego, na receita original)
sal e pimenta preta
200 ml de vinho tinto
4 colheres de sopa de pasta de tomate
2 latas de 400 g de tomate pelado
2 paus de canela
1/2 colher de chá de pimenta da Jamaica, moída
1 colher de sopa de orégãos secos
2 beringelas grandes

Para o molho de queijo:
75 g de manteiga
75 g de farinha de trigo
150 g de cheddar ralado (usei 75 g de mozzarella e 75 g de parmesão)
600 ml de leite magro
2 ovos, batidos

Preparação:
Num tacho largo, aquecer o óleo, em lume brando, juntar as cebolas e os alhos e deixar cozinhar, até amolecerem e alourarem ligeiramente.
Aumentar ligeiramente o lume, juntar a carne e deixar cozinhar até que esteja acastanhada, mexendo de vez em quando. Adicionar o vinho e deixar ferver até que este esteja quase todo evaporado. Juntar a pasta de tomate, o tomate pelado, a canela, a pimenta da Jamaica e os orégãos. Deixar cozinhar, em lume brando, 30 a 35 minutos, mexendo de vez em quando.
Entretanto, cortar as beringelas em rodelas de 1 a 1,5 cm de espessura. Regá-las generosamente com azeite e temperá-las com um pouco de sal e pimenta.
Numa frigideira grande, fritar a beringela, em lume forte, 2 minutos de cada lado, até alourarem (será necessário repetir a operação, pois as fatias não devem ficar sobrepostas).
Aquecer o forno a 200 graus. 
Entretanto, preparar o molho: derreter a manteiga numa panela não aderente, juntar a farinha e deixar cozinhar 1 ou dois minutos, mexendo com uma vara de arames. Baixar o lume e juntar o leite, aos poucos, mexendo sempre, para não criar grumos. Deixar ferver 8 a 10 minutos, em lume brando, e juntar 100 g da mistura de queijos. Retirar do lume, deixar arrefecer um pouco e misturar os ovos batidos, mexendo sempre, para incorporar bem. 
Montagem da moussaka: untar uma assadeira com um pouco de azeite; colocar no fundo um terço da beringela; retirar os paus de canela da carne e colocar metade sobre a beringela; regar com um terço do molho; repetir as camadas, terminando com uma de beringela e o resto do molho. Polvilhar com o restante queijo e levar ao forno 35 a 45 minutos, até estar com um aspeto acastanhado. Deixar repousar 5 minutos antes de servir.






Boa semana! Bom regresso ao trabalho, se for o caso :)


4 comentários:

  1. Bem vinda no regresso a esta casa! Já tinha saudades dos teus posts! E também já tenho saudades das conversas e gargalhadas partilhadas no dia a dia (mas essas resolvem-se em breve! 😘)

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  2. Adorei e vou experimentar. Obrigada pela partilha.
    Beijinhos

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  3. Gosto também muito da Grécia e da sua culinária. A cozinha do Mediterrâneo Oriental e do Levante, com as suas misturas imaginativas de ervas e especiarias, é a minha preferida.

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