Desta vez, demorei-me em Atenas. Para além das visitas óbvias, à Acrópole, a museus e a outros lugares ligados ao mundo antigo, andámos essencialmente por Plaka e Monastiraki. Atenas não é uma cidade fácil, nos tempos que correm. É uma cidade confusa, como são as cidades muito populosas. E essa confusão nota-se especialmente nos transportes públicos. Há muito que não andava num lugar em que me sentisse tão insegura. Atenção às vossas coisas!, não paravam de recomendar os nossos colegas gregos. No metro ou em autocarros, sentíamos-nos como sardinhas em lata, a proteger os nossos pertences e sempre de olho nos alunos que tínhamos connosco, alguns dos quais nunca tinham saído da ilha. Imagino o que se passaria naquelas cabecinhas. O choque de sair de uma ilha com pouco mais de 50 000 habitantes e mergulhar numa metrópole de milhões.
Saímos várias vezes da capital. E visitámos lugares maravilhosos. Foi como andar a passear pelas páginas dos livros de História e de Literatura. Ouvimos a história de Egeu, no local em que, segundo a lenda, se suicidou ao pensar que o filho, Teseu, tinha sido morto pelo Minotauro. E ouvimos as nossas alunas, entre alunos gregos, polacos e franceses, no teatro Thorikos, a recitar, em grego, versos da Odisseia.
Guardarei de forma especial a visita a Delphos, o oráculo que conhecemos dos livros, centro do mundo antigo. Um lugar onde se sente uma energia e uma paz inexplicáveis. No fim, um almoço com vista para o porto onde chegavam pessoas de todo o Mediterrâneo com as suas oferendas. Debruçada na varanda daquele restaurante com vista, foi fácil imaginar a azáfama de embarcações a chegar, as pessoas a desembarcar carregadas de tesouros para oferecer aos deuses, em troca de orientações para as suas vidas.
Cada vez mais vou consolidando a minha admiração por este país. E a gastronomia não é alheia a esta minha devoção. Já escrevi sobre o assunto quando estive em Kalamata e esta viagem só confirmou o meu gosto pela comida grega.
Na bagagem, azeitonas e feta, novamente. Cada vez mais, os meus souvenirs são comestíveis. Chego sempre de viagem com a mala cheia de coisas de comer e um ou outro livro de receitas. E com muita vontade de ir para a cozinha, reproduzir as coisas boas que comi por lá.
Depois de uma semana a comer feta ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar, não me apeteceu parar. Pelo contrário, continuei a usá-lo em saladas e a comê-lo com mel, logo pela manhã. Desta vez, visitei Arachova, uma cidadezinha pitoresca, para onde os atenienses vão quando querem fugir do bulício da cidade. E deliciei-me com as lojas artesanais, cheias de azeite, azeitonas, massas, queijos e iogurte. Fotografei muito e comprei muito.
Passada uma semana, foi a vez de o meu marido ir a Salónica. O que trouxe na bagagem? Mais feta! Com tanta abundância, não me senti culpada ao utilizar 300 g de uma vez só para fazer esta tarte que partilho convosco. A receita foi tirada de um dos livros que trouxe comigo, My greek taverna - Taking greek cuisine back home.
Tarte de queijo
Tiropita
Ingredientes:
300 g de queijo feta, esfarelado
200 g de requeijão (anthotiro, na receita original)
200 ml de leite
6 ovos, batidos
10 folhas de massa filo
8-10 colheres de sopa de azeite
sal e pimenta preta
Preparação:
Numa tigela grande, misturar os dois queijos com os ovos, o leite, o sal e bastante pimenta.
Untar um tabuleiro (o meu tinha cerca de 20 X 20 cm) e colocar uma folha de filo que tenha tamanho suficiente para cobrir os lados do tabuleiro. Adicionar mais 4 folhas, untando cada uma com azeite, com um pincel, antes de colocar a seguinte.
Verter o recheio sobre a massa, dobrar a massa e cobrir com as restantes 5 folhas (pincelando cada uma delas com azeite antes de colocar a seguinte).
Levar ao forno a 180 graus, cerca de 50 minutos, até que o topo esteja dourado.
Deixar arrefecer, cortar em quadrados e servir.