Já li o livro da minha amiga Mar. Na verdade, li-o no dia em que me chegou às mãos. Não era suposto, pois fiz serão até tarde. No entanto, abri-o e comecei a ler. E continuei. E só consegui parar na última página. E depois, fiquei com ele nas mãos, a olhá-lo, como me acontece sempre que gosto muito de um livro. Fico ali, parada, alguns minutos, como que a desligar-me, antes de o pousar. Uma espécie de despedida. Acontece-me o mesmo nos filmes. Se gosto mesmo muito, fico sentada, a ver as letras passar.
O livro da Mar é daqueles que nos agarram desde o princípio. Uma mulher sem nome, bela, muito bela, e que sabe que é bela. Um corpo poderoso e frágil ao mesmo tempo. Uma mulher de quem se gosta ou não. Ou de quem se gosta umas vezes e outras não. Uma "cinderela negra" (uma imagem linda, de entre as muitas do livro) de saltos vertiginosos, que deixa marcas por onde vai passando. E que tem marcas. Muitas. Uma mulher que reconhece as outras pelo tamanho do salto. Os sapatos estão presentes ao longo de toda a obra. Os sapatos que deixam traços vermelhos por onde vão passando. E naqueles que com eles se cruzam. A Mar conseguiu a proeza de falar de sapatos num romance que é tudo menos oco e fútil.
Perguntaram-me sobre o que era o romance. E eu tentei explicar. O melhor que pude. Amor. Erotismo. Família. Mulheres. Sapatos. Morte. Depois pensei que não dá para explicar. Tem mesmo de ser lido. E sentido.
Ontem, voltei a fazer risotto. No tacho, a mexer pacientemente, como é suposto. Um risotto fumegante que nos confortou num dia cinzento. No blogue da Mar, conhecerão as virtudes terapêuticas de fazer um risotto :) Só as descobri recentemente. Mas a Mar tem razão. É mesmo uma meia hora muito saborosa :)
Risotto de cogumelos
Ontem, voltei a fazer risotto. No tacho, a mexer pacientemente, como é suposto. Um risotto fumegante que nos confortou num dia cinzento. No blogue da Mar, conhecerão as virtudes terapêuticas de fazer um risotto :) Só as descobri recentemente. Mas a Mar tem razão. É mesmo uma meia hora muito saborosa :)
Risotto de cogumelos
4 cebolas de rama (com a rama verde)
2 dentes de alho
2 dl de vinho branco
1 litro de caldo de galinha
350 g de arroz para risotto
1 colher de sopa de manteiga
30 g de azeite
50 g de parmesão ralado
sal e pimenta q.b.
cebolinho e nozes q.b.
Refogar o bacon, a
cebola de rama e o alho, picados, no azeite. Juntar o arroz e
mexer. Juntar o vinho branco e continuar a mexer. Quando o álcool tiver
evaporado, juntar os cogumelos.
Temperar com sal e pimenta e continuar a mexer, delicadamente. Aos
poucos, acrescentar caldo de galinha (uma ou duas conchas), mexendo sempre. Esperar que o
arroz absorva todo o caldo, antes de acrescentar mais. Continuar esta
operação, até que o arroz esteja cozido al dente. Retificar os temperos e, já com o fogão apagado, acrescentar a manteiga e o queijo, envolvendo bem. Se quiser, pode partir algumas nozes e polvilhar o risotto, juntamente com cebolinho picado. Servir de imediato, com um copo de vinho tinto.
Ilidia, nada como um bom livro não é? E nada como um ótimo e delicioso risotto. Bem apetitoso este :D
ResponderEliminarDuas coisas muito boas, realmente. Livros e risottos :) Ambas reconfortantes :)
EliminarHá livros que têm de ser mesmo lidos e não explicados :)
ResponderEliminarAdoro um bom livro, e adoro fazer e comer risotto, tão reconfortante.
Um beijinho.
Pois, tu e a Mar são as mulheres dos risottos. Também é uma comida que associo a ti :) E sabes, acho que ias gostar deste livro.
EliminarUm beijinho
É que não há como parar, não é? Um livro urgente. E não podias ter acertado melhor no prato a acompanhar este post. Só podia ser um risotto ;)
ResponderEliminarBabette
Não dá mesmo. Bem que tinhas avisado :) Muito bom mesmo!
EliminarSim, a acaompanhar este post tinha de ser risotto. E foi comido só com o garfo ;)
Beijos
Bom dia Ilidia,
ResponderEliminarEste Inverno tardio e persistente associado a outras coisas tem-me afectado muito.
Negativamente, é claro.
Por acaso, vi um comentário da Mar no blogue da Babette onde ela dizia "if nothing else works, tray chocolat cake".
Eu vou experimentar risotto.
Para o almoço da Páscoa.
Pode não ser tradicional mas, espero que seja reconfortante e terapêutico.
Bjs e votos de boa Páscoa.
Sandra Martins
Tem sido, realmente, um inverno difícil. Em vários sentidos. E este risotto confortou-nos num dia que também não foi muito fácil.
EliminarExperimente risotto, sim. Não interessa se não é tradicional. Eu acho que somos nós que fazemos as nossas tradições :) Por que não risotto na Páscoa se o preferimos ao cabrito? ;)
Uma boa Páscoa para si também e para os seus :)
Beijos
Obrigada :)
ResponderEliminarObrigada :)
ResponderEliminarTambém aqui o registo da minha gratidão. Acho sempre que é uma coisa muito grande, isso de se ser lido. Num email, numa carta dentro de um envelope real, num post, num livro. Sempre quis procurar ser merecedora, digna de ser lida. Acontecia assim, no blog. Acontece agora, neste suporte incontrolável que pode ser um livro. O sentido da minha gratidão começa aí. Por teres lido, em primeiro lugar. Depois vem a densidade desse gesto. Leste-o no dia. Leste-o dessa maneira. Deste sinal aqui. Podias, o tempo todo, não ter feito nada. Um exercício de escolha como outro qualquer. Mas fizeste isto. Mais isto.
ResponderEliminarE tão bonito associar-se a um risotto. Uma das coisas que mais gosto de fazer/comer. Num dia de que falámos, há pouco. Nada fácil. Bom que um risotto o tenha marcado como vontade de consolação.
Obrigada pela tua leitura. Por todas as coisas ditas. E pelas que estarão por dizer.
Um beijo.
Mar
Não poderia ter sido de outra forma. Tinha de deixar aqui registado um pouco do que senti quando li o teu livro. Digo um pouco, porque senti muitas coisas. Muitas mais do que as que estão aqui enunciadas.
ResponderEliminarEm relação ao facto de o ter lido no próprio dia, o mérito é todo teu. Se não escrevesses daquela maneira, poderia ter lido apenas algumas páginas :) Mas não foi possível :)
O risotto aconteceu na segunda, para consolar quem precisava de ser consolado. E acho que consegui isso. Pelo menos atenuar, o que já não é mau. E pareceu-me que fazia todo o sentido deixá-lo aqui, assiciado à minha leitura do teu livro. Da próxima, experimento com vinho tinto ;)
Um beijo. E obrigada eu :)
Ilídia