Esta terra há de voltar a ser lavrada. Hei de voltar a trabalhá-la ao fim da tarde. E voltaremos a correr para o terreno que se voltará a chamar horta, em dias de seca, para dar de beber a plantas sedentas e dependentes de nós. E, daqui a uns meses, teremos o gosto de colher e pôr no prato aquilo que, neste momento, é uma sementinha envolta em terra e esperança.
Tudo começou ontem. Retirei da caixa as sementes de há dois anos, aproveitei as que estavam em condições e fui comprar outras. Gosto sempre deste trabalho de seleção e de pensar no que nos apetecerá colher no verão. Em casa, o Manel quis ajudar. Um dos canteiros é da responsabilidade dele. Etiquetas e tudo, na sua caligrafia de 2.º ano. Sentiu-se importante, a fazer aquela sementeira. E nem imagina a importância que isto tem para mim. Agora os canteiros repousam, sob o nosso olhar vigilante, à espera de vermos o primeiro sinal de verde.
Para o jantar, o peixe mais bonito que já esteve sobre a bancada da nossa cozinha. Tão lindo que o Manel perguntou se era pintado. Peixe-rei do alto fresquíssimo, vindo do sítio do costume. E, apesar de um peixe tão bonito não precisar de maquilhagem, apeteceu-me envolvê-lo numa marinada com ingredientes asiáticos. E fiz bem. Ficou muito saboroso. Afinal de contas, beleza não é tudo.
Peixe-rei do alto assado
com molho de alho e malagueta
Ingredientes para 2 pessoas:
1 peixe inteiro, com cerca de 1 kg, limpo e sem escamas
Para a marinada:
4 colheres de sopa de molho de ostra
4 colheres de sopa de molho de soja
8-10 dentes de alho, esmagados
1 colher de sopa de molho de peixe
2 colheres de sopa de açúcar amarelo
1/4 colher de chá de pimenta preta
1 colher de sopa de sumo de limão ou lima
1 malagueta, picada (usei congelada)
Preparação:
Com uma faca afiada, dar cortes transversais no peixe, como se pode ver na fotografia, e colocá-lo sobre uma folha de papel de alumínio suficientemente grande para o embrulhar, depois de temperado.
Misturar todos os ingredientes para a marinada e barrar o interior do peixe e o exterior, de ambos os lados. Embrulhar o papel de alumínio e levar o peixe ao forno, pré-aquecido a 190 graus, durante 30 a 40 minutos, dependendo do tamanho do peixe (normalmente, passados 30 minutos, verifico a cozedura, e, se necessário, deixo ficar mais algum tempo, com o peixe destapado.
Para acompanhar, servi salada verde da Biofontinhas e inhame. Mas também fica bem com batatas cozidas ou assadas.
Uma boa semana!
Votos de Felicidades das moças do Como Pão para Laranjas ;)
ResponderEliminarFelicidades para as moças também. E obrigada pela visita :)
EliminarAchei graça quando vi os teus canteiros pois nos meus também pus colheres! Inicialmente pus uns pauzinhos tipo gelado mas depois não tinha suficientes e acabei por substituir tudo por colheres! Nunca comi peixe-rei do alto, de lindo e imagino que seja muito saboroso! Beijinhos
ResponderEliminarUsei o truque das colheres há dois anos e resultou bem. E fica um canteiro bonitinho :)
EliminarEste peixe costuma aparecer nas peixarias açorianas. No entanto, é mais frequente encontrar o peixe-rei pequeno, igualmente bonito. Não é lá muito consensual, pois tem muitas espinhas. Cá em casa é muito apreciado por mim e pelo Manel. Pelo meu marido, nem por isso.
Beijinhos,
Ilídia
A sério?!!!!!!! Existem peixes assim maravilhosos para ir para a mesa. Quase não dá vontade de comer, confesso. Parece ter lábios. Fiquei tão surpreendida que andei a mostrar o peixe cá por casa, a todos. E o espanto foi geral! De facto, a natureza é maravilhosa: peixes lindos, sementes que se transformam em alimento...
ResponderEliminarUma semana boa querida Ilídia.
Abraço
Guida
Já pareces o meu marido. Mas o argumento dele é diferente: diz que um peixe assim colorido só pode ser venenoso :) Não tinha reparado no pormenor dos lábios, mas fui olhar para a foto com atenção e até tem. E carnudos, com ar de terem levado botox ;)
EliminarA natureza é linda, sim. E eu deliro com estes exemplares coloridos. E com cenouras às cores. E com tudo, no fundo :)
Continuação de uma boa semana para ti.
Um beijo,
Ilídia
Nunca tinha ouvido nem visto peixe tão bonito. Onde se pode encontrar?
ResponderEliminarBem haja.
Eurico Figueiredo
Eurico, nos Açores pode ser encontrado com alguma facilidade nas peixarias. Eu compro os meus peixes a um particular, que os compra diretamente na lota. Se morar na Terceira, pode mandar-me um e-mail, que eu envio-lhe o contacto.
EliminarIlídia
Tem aí um belo pedaço de terra, mesmo na altura de começar os preparativos para fazer horta. Eu por cá, já semeei e plantei muita coisa, mas ainda tenho outras para ir para terra. A horta de Verão está quase composta :)
ResponderEliminarAchei graça a esse peixe, é na verdade muito bonito, não conhecia. A receita irei levá-la para experimentar, com outro tipo de peixe, que peixe-rei nunca vi por aqui.
Beijinhos e boa semana :)
Olá, Catarina.
EliminarNão vou cultivar o terreno todo, como noutros tempos. Apenas um pequeno retângulo, com uma seleção de alguns produtos.
Relativamente à receita, parece-me que deve ficar bem com outros peixes, sim. Garoupa, por exemplo.
Continuação de boa semana.
Beijinho,
Ilídia
Bem que dizem coisas fabulosas dos peixes dos Açores. Nunca tinha visto nem ouvido falar desse peixe tão bonito. E, a julgar pela maneira como descreves o resultado dessa marinada, a beleza não foi inconsequente.
ResponderEliminarNem te disse quando falámos há uns dias, mas arranjei um pedacinho para as minhas ervas no meu jardim selvagem cheio de heras e de árvores. E estão bonitas e fortes. Uma amiga de Biologia disse-me para espalhar um bocadinho de açúcar na terra e que isso iria manter os caracóis devoradores afastados. Resultou:)
Vou gostar muito de ver esse teu pedaço de terra cheia de coisas que vos vão fazer felizes.
Um beijo.
Mar
É lindo, não é? Apetece ficar a olhar para ele. Eu fiquei a contemplá-lo algum tempo antes de o temperar :)
EliminarQue bom que tens o teu canteiro! Sabe tão bem! Eu nunca deixei de ter as aromáticas. Sempre tive salva, salsa, tomilho e mais algumas daquelas que uso mais. Agora acrescentei coentros vietnamitas e orégãos (os meus tinham morrido). Das essenciais, falta-me apenas o manjericão.
Não conhecia o truque do açúcar. A mim já me falaram em taças com cerveja. Mas parece-me mais fácil polvilhar a terra com açúcar. Vou experimentar. Obrigada!
Um beijo para ti,
Ilídia
Não conhecia esse peixe mas que tem um aspecto de bem saboroso após cozinhado, tem.
ResponderEliminarBjinhos
http://bimbysaboresdavida.blogspot.pt/
É muito bom. E pode fazer este molho para outro peixe, que acho que resultará na mesma.
EliminarBeijinho,
Ilídia
O peixe (desconhecido para mim) é lindo, nem dá vontade de o comer mas sim apreciar as suas cores :)
ResponderEliminarBeijinhos ...
Guloso qb
Pois :) Felizmente podemos fazer as duas coisas ;)
EliminarBeijinhos,
Ilídia
Bem haja. Sou do Porto. Estive na sua Terra o ano passado e vim com a ideia de viver aí ou comprar uma casinha pequena para passar férias. Que Terra linda! Que Povo maravilhoso! Que sossego! Que ar puro! Que queijo! Que carne! Um xi apertado para todo o Açores !
ResponderEliminarBem haja pela sua resposta.
Acho que faz muito bem. A Terceira (e as restantes ilhas) é o lugar perfeito para se afastar do stress do Porto. Já agora, também gosto muito da sua cidade. Mesmo com o trânsito :) É uma das cidades mais bonitas que conheço.
EliminarUm abraço,
Ilídia
Bem haja pela sua simpatia quanto ao meu grande e lindo Porto de Abrigo. Por cá andam as tripas... Que poderei oferecer a si e sua família mas prefiro o peixinho, robalo, dourada, truta e o meu preferido rodovalho. Vou lendo suas notícias e se poder mande lapas e cracas.
ResponderEliminarAbraço tripeiro
Eurico Figueiredo