domingo, 7 de dezembro de 2014

Um hambúrguer regional

Durante a semana, há menos tempo para a cozinha. Os pratos são os de sempre. Daqueles que as mãos fazem quase sozinhas, enquanto o cérebro vai orientando trabalhos de casa, planeando o dia seguinte e tomando um conjunto de decisões mais ou menos domésticas. Gosto de viver assim, preenchida. Mas também gosto de saber que existe a sexta-feira e que posso abrandar e tirar um bocadinho para me dedicar às minhas coisas. Preciso deste equilíbrio na minha vida. 
Ao fim de semana, há mais tempo para experiências diferentes. E gosto das horas que passo na cozinha, a ouvir música e a fazer comida. Às vezes, receitas novas, seguidas quase à risca. Outras, (re)criações, a partir de um programa que vi, de um livro que li ou de um restaurante onde comi. A maior parte das vezes, corre bem. Às vezes, um ou outro desaire, como um certo pudim de peixe de há uns tempos, que me obrigou a levantar da mesa e remediar um jantar com bolinhos de bacalhau que havia no congelador. Realmente, numa noite de sábado, não podíamos comer um pudim que parecia esponja, como o descreveu o Manel. A maior parte das vezes, no entanto, as experiências ficam comestíveis. Se ficam mesmo boas e agradam aos três, acabam aqui, pois podem interessar a mais alguém.
Estes hambúrgueres foram aplaudidos pelos elementos masculinos cá de casa e eu também gostei muito. Fi-los, inspirada por um hambúrguer que comi, num almoço a meio de uma semana agitada, no restaurante Ponto com Sabor, na Praia da Vitória. 

Eis a minha versão do hambúrguer regional:



Ingredientes para 6 hambúrgueres:
1 bolo lêvedo, pequeno, por hambúrguer
450 g de carne moída
150 g de morcela 
50 g de queijo de S. Jorge, ralado
1 rodela de ananás por hambúrguer
mostarda
flor de sal



Retirar a pele à morcela, desfazê-la bem e misturá-la com a carne e o queijo de S. Jorge. Com as mãos, formar 6 hambúrgueres. Se os preferir mais perfeitinhos, pode usar um molde próprio para o efeito. Eu gosto deles assim, com um aspeto tosco. 
Aquecer bem um grelhador, colocar os hambúrgueres, temperá-los com flor de sal e deixá-los grelhar. Virá-los, temperá-los novamente e deixá-los acabar de cozinhar.
Abrir os bolos lêvedos, barrá-los com mostarda, colocar os hambúrgueres e a rodela de ananás e fechar, com um palito. 
Acompanhar com batatas ou batatas doces fritas ou, como foi o meu caso, com inhame frito às rodelas. 



4 comentários:

  1. A combinação de sabores é perfeita portanto tenho a certeza q ficaram deliciosos! Sem dúvida algo a fazer por cá tb 🍔

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A morcela e o ananás é uma mistura muito açoriana. Fica um contraste muito agradável, pois a acidez do ananás "corta" o sabor forte da morcela.

      Beijinho,

      Ilídia

      Eliminar
  2. A vida e as suas cadências. É tudo necessário. E é curioso como tudo se pode medir em tempo. Tudo se transforma em tempo. Este fim-de-semana está a ser uma benção. Só por esse dado que determina os outros: tempo.
    Gostei desta tua versão local de uma comida global. Tirava a parte da morcela e deixava estar tudo como está. Não suporto o sabor da morcela, a maneira como persiste.

    Dias bons para aí. Com luzinhas nas árvores do jardim:)

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há dias li um conto da Teolinda Gersão sobre a vida de um aposentado que não sabe o que fazer com o tempo e que se põe a inventar coisas para se manter ocupado, como idas ao banco ou às finanças, com salas ou filas de espera. Realmente, o Tempo tem mais valor quando não abunda. E o nosso é bem precioso ;)
      O meu hambúrguer não é para todos os paladares. De facto, morcela não tem um sabor consensual. Ou se adora ou se odeia. Acho que não dá para gostar assim-assim :)

      Dias bons para vocês também. Com todas as velas e pássaros e luzes de Natal :)

      Ilídia

      Eliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Acerca de mim

A minha foto
O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.