Há amizades que nascem subitamente, repentinamente. Uma empatia imediata. Outras partem de uma simpatia inicial, que vai crescendo, até se transformar em algo mais forte. Quando conheci a M., antipatizei logo com ela. Cara de poucos amigos, pensei. E tinha razão. Ela continua assim. Com poucos (privilegiados) amigos. Ela sabe que não é uma pessoa fácil. Talvez porque a vida também não tenha sido fácil para ela. Quando não gosta, não finge. Bruta, dizem alguns. Sincera, outros.
Na sexta-feira, pensei nela várias vezes. A propósito de pequenos nadas. Ao jantar, porque comi chutney, igual ao que lhe enviei no Natal. Ao serão, porque fiz pipocas. Por que razão me fui lembrar dela ao fazer pipocas? Porque, antes de sermos amigas, quando ela ainda era a pessoa com quem eu ainda não simpatizava (muito), demonstrou a sua sensibilidade através de umas pipocas de canela. Sabendo-me triste (e só), saiu de casa, numa noite de inverno, bateu à minha porta e entregou-me pipocas de canela, dizendo-me simplesmente: “Andas tristinha. Acho que isto te vai fazer bem.” E foi-se embora.
No sábado, a M. telefonou-me. A vida pregou-lhe mais uma partida. Falou, desabafou. Contei-lhe que na véspera pensara nela. Estavas a adivinhar que não estava bem – disse.
Gostaria tanto que estivéssemos mais perto, na mesma ilha, para te levar um pedaço deste clafoutis. Para retribuir as pipocas. E as caipirinhas e os cocktails sem álcool que o A. me fazia quando eu estava grávida. Um beijo enorme para ti, que sei que me lês, quase sempre de madrugada.
Ingredientes:
300 g de morangos
150 g de acúcar mascavado
3 dl de leite
200 g de farinha
algumas gotas de baunilha
4 ovos
Cortei os morangos ao meio e envolvi-os no açúcar. Deixei-os descansar durante algum tempo (pouco). Entretanto, com uma vara de arames, bati os ovos, aos poucos, fui adicionando a farinha e, finalmente, o leite, batendo sempre. Pus umas gotinhas de baunilha e juntei os morangos com o açúcar. Borrifei o pirex com spray de cozinha e verti a mistura, tendo o cuidado de deixar os morangos com a parte cortada voltada para baixo. Levei ao forno, pré-aquecido a 200 graus, cerca de 20 minutos. Facile et délicieux!
Ficou lindo!!!
ResponderEliminarBjs
Que delicia! Adorei a receita.
ResponderEliminarTambém eu tenho o habito de me recordar de amigos que mesmo já não vendo há algum tempo sei que estão sempre presentes, através de pequenas coisa.
Receita guardada para fazer em breve.
Beijos.
Pois é as amizades verdadeiras poe vezes acontecem sem nós nos apercebermos e às vezes de situações e espaços imprevisiveis. A nossa por exemplo aconteceu quase pela obrigatoriedade de nos entendermos bem porque o serviço assim o exigio. Tem coisas boas o serviço,lol!
ResponderEliminarE a tua clafoutis ficou divinal, é pena a tua amiga não apoder provar visto que ela foi a inspiração.
Beijinhos e até amanhã.
FICOU COM UM ASPECTO BEM DELICIOSO.
ResponderEliminarBJS
que bom que deve ser amiga e uma bjoka para a tua amiga bjokinhass
ResponderEliminarmuito bonito, o teu texto, acho incrivel os laços de amizade, e como podemos saber mesmo, estando longe que algo não esta bem. O teu clafoutis ficou lindo....beijinho para ti, e para a tua amiga......Diana
ResponderEliminarQue lindo texto para uma linda sobremesa!!!
ResponderEliminarÉ bom ter amigos assim..
beijinho e até amanhã.
Gosto sempre de ouvir histórias de amizade e de amor, todas elas à sua maneira são bonitas!
ResponderEliminarFicou bonito e muito tentador;)
Beijocas.
Curioso. Posso dizer que também tenho uma amiga que antes de ser amiga era, no meu entender, uma pessoa detestável, a avaliar pelas conversas e atitudes que tinha.(e ela também segue este blogue por isso vai-se rever no que estou a dizer). Fomos trabalhar para a mesma ilha por motivos profissionais e ela vê-me no supermercado e diz: - Olá Susana! (Vejam só o despiste)No outro dia, na sala de professores, começa a por conversa comigo e com outra professora da Terceira, a P. e ambas ficámos tão boquiabertas com a franqueza e frontalidade dela, que passámos a achar-lhe graça, a combinar idas ao ginásio, passeios, jantares. Os nossos filhos também passaram a ser amigos e a conviver. Hoje, já em ilhas diferentes, temos o ritual do telefonema semanal, ao sábado de manhã para falarmos de tudo do que nos apetece: o que vai bem, o que vai mal, mas sobretudo de culinária, pois é também, como tu, uma cozinheira de mão cheia.
ResponderEliminarEla também iria gostar dos teus clafoutis.
Patrícia
É muito bonito uma amizade assim, desinteressada e sincera.
ResponderEliminarO teu clafoutis ficou lindo, tenho a certeza que a tua amiga, provando ou não, o vai adorar!
Bem essa receita é uma maravilha.
ResponderEliminarBeijinhos
A dádiva da amizade. Tão bem escrita. Acontece-me muito. Uma receita, um sabor, um lugar serem pessoas. Somos de afectos, não é? Principalmente quando gostamos de cozinhar. Quando queremos demonstrar às pessoas que gostamos delas. Com pipocas e clafoutis de morangos. E textos carinhosos.
ResponderEliminarUm beijo de boa semana para si. E para a sua amiga das pipocas de canela.
Mar
Mais uma história da importância da amizade....adorei, Assim como adorei o aspecto dessa clafoutis, parabéns e obrigado pela partilha,
ResponderEliminarbeijinhos eboa semana para ti!!
Uma história de amizade acompanhada de uma sobremesa destas vale tudo. Também fiz um a outra semana
ResponderEliminarUm beijinho
Realmente há pessoas assim, que aprendemos a gostar, apesar duma primeira má impressão. Oxalá fossem todas assim. As piores são aquelas que dão uma excelente primeira impressão e depois aprendemos a "desgostar".
ResponderEliminarTem um óptimo aspecto, Ílida! Parabéns pelo clafoutis e pelo valor que vê na amizade, nestas pequenas coisas.
Beijinhos
Olá minha querida Ilídia!
ResponderEliminarSó tenho a agradecer o clafoutis que está fantástico de aspecto!!! Não o posso provar, infelizmente, mas tenho a certeza que estava delicioso...
Fizeste-me chorar ao ler o teu texto...mas sabes, foi um chorar de agradecimento - é nestas alturas que agradeço os "poucos (priveligiados)" amigos que tenho!
Não tenho mais palavras a não ser: obrigada Amiga:)
De facto avizinham-se tempos complicados...depois falamos.
Beijo Muito grande.
Obrigada:)
M.
Obrigada a todos pelos vossos simpáticos comentários. Obrigada pelas partilhas das vossas histórias de amizade, que enriqueceram muito este post. Gosto destes posts, escritos a muitas mãos.
ResponderEliminarM., querida, a minha intenção não era fazer-te chorar. Sabes que o que gosto mesmo é de te fazer rir. Da próxima vez que passares na Terceira, faço-te um clafoutis. E faço-te rir. Beijos para os três.
Gostei do afecto que vinha com este clafoutis.
ResponderEliminarAcontece-me algumas vezes pensar em alguém muito fixamente num dia. Acabo quase sempre por ligar, e muitas vezes há mesmo qualquer coisa que me fez ligar na altura certa. Apenas coincidências?...
Um beijo
Babette
PS. Agora vim eu aqui parar depois de a ler no blog da Mar.
Babette, bem-vinda. Fico contente que tenha vindo parar aqui. Um beijo
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