Uma massa num domingo chuvoso

Ontem, o dia esteve mesmo como eu gosto. Reformulo, ontem, o domingo esteve mesmo como eu gosto. Se durante a semana, quando somos obrigados a sair de casa, não é muito agradável acordar e ver, através dos vidros, a chuva e o vento, ao domingo, sabe muito bem. É bom saber que podemos passar o dia em casa, longe de tudo (sou uma adepta fervorosa de cocooning).

Ontem, já apeteceu mantinha e sofá. Houve trabalho, é certo, no entanto, foi saboroso. Foi o tal trabalho de que gosto, não burocrático. Preparar aulas sobre Fernando Pessoa não é um trabalho árduo como fazer atas e planificações e relatórios... Até os gatos procuraram aconchego. O Gaspar não saiu da manta a tarde toda. Quanto à Micas, fui encontrá-la bem refastelada na nossa cama, com um ar muito feliz.

Para comer, apeteceu-me algo condizente com o dia. Comida outonal, daquela que perfuma a casa. Que a deixa a cheirar a especiarias. Escolhi ingredientes outonais (a abóbora, que comprei, no sábado, na Biofontinhas, e cogumelos) e fui improvisando. E saiu uma massa com as cores do outono, as minhas preferidas, cuja receita pode ser consultada no Receitas ao Desafio.

A Micas

e o Gaspar

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim.
Conheço-me e não sou eu.
   
                   Fernando Pessoa