quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Doce setembro

Setembro não é mês de consensos. Há quem o adore. E há quem nele só veja o regresso ao trabalho, às obrigações de todos os dias. A meados de agosto, o meu filho, ao ver o primeiro anúncio de regresso às aulas disse-me que quem põe estas publicidades cá fora a meio de agosto devia ser processado. Sempre foi assim, o Manel. Mesmo quando foi para o primeiro ano, quando todas as crianças estão ansiosas pelo que há de vir. Agora vai para o quinto e o apego às férias mantém-se. Já eu, que lá para o fim de agosto costumava andar a sonhar com a escola, este ano teria prolongado as minhas férias mais um pouco. Finalmente és uma pessoa normal, diz-me o meu marido. Talvez. Foi um agosto muito bom para o deixar ir sem resistir. Apetecia mais. Ainda assim, bastou chegar setembro, para me recordar de que este sempre foi o meu mês preferido. 
Os dias continuam quentes. Aquele calor que dificulta o trabalho e o regresso à escola e aos dias com horários. Mas há aquele recomeço, com tudo o que tem de bom. Apesar de tudo, ainda gosto de recomeçar. Gosto de rever colegas e alunos, de fazer planos, de acreditar. E acredito que, apesar de os números não serem o que desejaríamos, a minha profissão faz a diferença. Mas voltemos a setembro, que, afinal, era o tema deste texto. Setembro tem uma doçura que não se encontra em muitos outros meses. Não falo só da doçura mais literal das conservas de figo e de uva. Falo das flores. Da exuberância das buganvílias. Das minhas flores roxas, de cuja espécie me esqueço sempre. Falo das uvas, colhidas da latada do meu pai. Das idas à figueira. Das maçãs, a amadurecer na macieira do jardim. Falo dos fins de tarde na Salga, até o sol desaparecer. Não sei se os setembros serão assim em todos os lugares do globo. Nos Açores são doces, um prolongamento dos agostos, antes de entrarmos nos dias pequenos e escuros do outono. 









Agora, uma receita com um fruto de setembro, o figo. Uma tarte cujos principais protagonistas foram os figos pingo de mel da nossa figueira. 


Tarte de mel e mascarpone 
com figos e pistácios


Ingredientes:
Para a base:
1 pacote grande de bolacha Maria (200 g)
1 chávena de manteiga derretida (240 g)
30 g de açúcar amarelo
Para a tarte:
1 caixa de queijo mascarpone
3 colheres de sopa de açúcar amarelo
3 colheres de sopa de mel
300 ml de natas para bater
4 folhas de gelatina
Para decorar:
Figos, pistácios e mel a gosto.

Preparação:
Começar por preparar a base: num robot de cozinha, triturar a bolacha, misturar o açúcar e a manteiga. Forrar uma forma com base amovível e reservar.
Demolhar a gelatina e depois derretê-a em água a ferver (240 ml). Reservar.
Bater as natas, com umas gotas de sumo de limão. Reservar.
Bater o mascarpone com o açúcar e o mel.
Misturar o mascarpone, as natas batidas e a gelatina. Verter sobre a base de bolacha e levar ao frigorífico até endurecer.
Na hora de servir, decorar com figos às fatias, pistácios picados e regar com mel.





2 comentários:

  1. Olá, é a primeira vez que visito o seu blog e vim porque vi uma hiperligação no Ananás e Hortelã e o nome do texto chamou-me precisamente porque sinto e penso exactamente o mesmo em relação ao mês de Setembro. Lembra novos recomeços, novas oportunidades... Ainda não é Outono, mas também já não é Verão. É um misto muito saboroso das duas estações, já começa a lembrar o aconchego do Outono e para mim é tempo de fazer compotas (de figo, maçã, e já pensar nas abóboras que crescem no quintal dos meus pais). Lembra vindimas também (e o cheiro das uvas!). e a mim, lembra-me coisas muito boas, memórias de uma infância feliz no quintal dos meus avós... O pôr do sol de Setembro tem qualquer coisas de nostálgico e mágico que nenhum outro mês tem! :) Obrigada pela sua reflexão que me trouxe tantas memórias boas!

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    Respostas
    1. Muito obrigada pela sua visita e pelo seu comentário. É bom encontrar mais gente que goste de setembro e não ande constantemente a suspirar pelas férias :)


      Um beijinho,

      Ilídia

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