A inconstância do tempo é uma das principais características das nossas ilhas. Nos Açores, temos as 4 estações num só dia é uma frase que se ouve com frequência. Talvez seja exagero, mas a verdade é que nem sempre é fácil escolher o guarda-roupa ou pensar com segurança em atividades ao ar livre.
Janeiro foi um mês bom. Dias lindos, não diria de verão, mas de uma primavera suave e amena. Arco-íris belíssimos, de cores bem definidas. Nasceres e pores do sol quentes e dourados. No meio da azáfama dos dias, os espetáculos da natureza tinham ainda um sabor mais especial. Janeiro foi um mês cheio, muito cheio. E a visão da lua refletida no mar a caminho da escola ou de um arco-íris a emoldurar a nossa casa ao chegarmos do trabalho tinha um sabor a tréguas. Um bálsamo que nos acalmava antes ou depois de um dia de trabalho nem sempre prazeroso.
Janeiro foi um mês bom. Dias lindos, não diria de verão, mas de uma primavera suave e amena. Arco-íris belíssimos, de cores bem definidas. Nasceres e pores do sol quentes e dourados. No meio da azáfama dos dias, os espetáculos da natureza tinham ainda um sabor mais especial. Janeiro foi um mês cheio, muito cheio. E a visão da lua refletida no mar a caminho da escola ou de um arco-íris a emoldurar a nossa casa ao chegarmos do trabalho tinha um sabor a tréguas. Um bálsamo que nos acalmava antes ou depois de um dia de trabalho nem sempre prazeroso.
Já fevereiro anda indeciso. Depois de alertas vermelhos e ondas altas que ameaçam entrar pela terra, dias soalheiros de quase verão. Ontem, aproveitámos para andar lá fora a fotografar, bem dispostos. Cada vez mais me deixo influenciar pelo tempo, pela cor do céu. Em dias cinzentos, também eu tendo a acinzentar-me. Por mais que tente resistir, recorrendo a todas as coisas que me fazem bem, em dias como o de hoje, há uma melancoliazinha que não me larga. Os rapazes riem-se de mim. Com razão, devo admitir. E eu calo-me e recolho-me. Afinal não têm culpa de o tempo e eu andarmos cinzentos. Enquanto veem um filme antigo, de astronautas, eu venho aqui. Há muito que não vinha e estava com saudades.
Ficam imagens do sol e da lua. E das ondas agrestes de há uma semana. Do Vicente e da Leia. E das flores. Das do jardim e das de casa. Das que estão na jarra e de outras, ainda de janeiro.
Hoje, a receita não é minha. É do meu amigo alemão, que nos visitou na passada semana. No meio de muito trabalho, ainda houve tempo para irmos para a cozinha. Este é um bolo demorado, feito por etapas. Acompanhei o processo, observando as mãos experientes do Harald, que diz já ter feito mais de cem bolos destes. Perante tamanha perícia, limitei-me a fotografar os vários momentos e a escrever a receita para a poder partilhar convosco. Qualquer dia aventuro-me sozinha. Se o experimentarem antes de mim, contem tudo, sim?
Bolo Floresta Negra
1.º Bolo:
160 g de farinha
80 g de açúcar
1/2 colher de chá de fermento
80 g de manteiga sem sal
1 ovo
1 pacote de açúcar baunilhado
raspa de limão a gosto
25 g de cacau
Bater tudo com a batedeira. Colocar numa forma de mola, pressionando com as mãos, e levar ao forno a 200 graus, cerca de 20 minutos. (Este bolo deve ser feito no mínimo dois dias antes da montagem do bolo final, pois fica mais macio.)
2.º Bolo:
4 ovos
175 g de açúcar
1 pacote de açúcar baunilhado
raspa de limão a gosto
75 g de farinha
75 g de Maizena
30 g de cacau
1 colher de chá (rasa) de fermento
Bater os 4 ovos. Adicionar açúcar, aos poucos, até obter um creme. Acrescentar o açúcar baunilhado e a raspa de limão. Aos poucos, sem mexer muito, misturar 75 g de farinha, a Maizena, o cacau e o fermento.
Colocar a mistura na forma de mola, forrada com papel vegetal, e levar ao forno a 175 graus, durante 20 a 25 minutos (fazer o teste do palito para verificar a cozedura).
Recheio de cerejas:
Descaroçar 600/700 g de cerejas pretas (segundo o Harald, TÊM de ser pretas, caso contrário, não é black forrest.). Juntar-lhes 60 g de açúcar e levar ao lume a ferver. Deixar de infusão até arrefecer. Coar o sumo e cozinhá-lo com 250 ml de água. Deixar ferver e adicionar 30 g de Maizena, dissolvida num pouco de água. Deixar engrossar um pouco e juntar as cerejas. Acrescentar 4 colheres de sopa de Kirchwasser (aguardente de cereja). Deixar no frigorífico de um dia para o outro.
Montagem do bolo:
Começar por bater 750 g de natas com 3 pacotes de açúcar baunilhado e 3 pacotes de fix chantilly (bater por duas vezes, pois são muitas natas).
Cortar o 2.º bolo ao meio.
No prato de servir, colocar o 1.º bolo e regá-lo com um pouco de Kirchwasser. Sobre este, colocar metade das cerejas e um pouco de natas batidas, como se pode ver na foto. Colocar a primeira parte do segundo bolo, mais uma camada de cerejas e natas e cobrir com a segunda parte do bolo.
Cobrir tudo com a segunda porção de natas. Decorar com chocolate em lascas. Com um saco de pasteleiro, fazer flores no topo do bolo e decorá-las com cerejas cristalizadas.
Minha querida, que post lindo. Gosto sempre das tuas fotografias, de adivinhar o verde dos teus/vossos Açores, mas muito nestas imagens. O verde faz-me sempre bem, mas nem imaginas como nestes últimos dias tenho precisado da esperança que o verde tem dentro.
ResponderEliminarE nunca fiz o mítico Bolo Floresta Negra. Se/quando fizer, a receita vai ser a do teu amigo Harald.
Um beijinho* Boa semana!
Mar
Querida Mar,
Eliminargosto tanto que gostes dos nossos Açores :) Hoje está um lindo dia de sol. Foi dia de abrir a casa e deixar entrar coisas boas. Estes últimos dias também não têm sido fáceis por aqui. Está tudo a voltar ao sítio, felizmente.
O Paulo chegou há dias da Alemanha e o Harald mandou-me um carregamento de ingredientes para o Floresta Negra. Tenho de o fazer qualquer dia. Mas é trabalhoso e ando com pouca energia. Pode ser que o sol ajude.
Um beijo para ti,
Ilídia
que fotos mais lindas adorei
ResponderEliminarObrigada 😊
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