quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O nosso presépio. E uma receita de um livro especial.

Aos poucos, a casa vai-se enchendo de Natal. Depois da árvore, as decorações foram alastrando a outras divisões. Este ano, mais exuberantes do que o costume. 
Esperei pelas férias para o presépio. O presépio requer tempo, dedicação. Não basta ir ao sótão buscar as caixas com as figuras. É preciso mais. Todos os elementos naturais que é preciso recolher. As pedras do tamanho certo para a gruta. Outras, mais pequenas, para os muros. Farelo para a estrada. Os meus pais participaram. E o Manel estava com aquele entusiasmo próprio da infância. Tem oito anos, o meu menino. Ainda acredita no Pai Natal. E tem aquela inocência que eu quero prolongar o mais possível. Estava tão feliz, no jardim, a apanhar leivas com o avô. Aquela felicidade ruidosa que eu me lembro de sentir quando fazia o mesmo, com a minha avó. O Natal também é isto. É um construir de memórias que nos acompanharão para o resto da vida. Acredito que sim. Acredito que o meu filho não se esquecerá dos presépios da sua infância,  que recordará sempre aquele frio bom que sentimos enquanto descolamos as leivas bonitas que farão os nossos cerrados. E que não se esquecerá das gargalhadas da avó, nem das histórias que esta lhe contava de Natais passados, enquanto ele ia construindo o presépio, com a mãe e o avô. 
O mundo anda insano, as notícias dilaceram-nos. A maldade anda por aí. Tememos pelo futuro. Aquilo que tínhamos como certo deixou de o ser. Por isso, cada vez mais, é obrigatório aproveitarmos muito bem o nosso presente, valorizarmos o que temos, momento a momento. Enquanto fazemos o presépio, não posso deixar de pensar nisto. Tento concentrar-me na tarefa e arredar pensamentos sombrios. Fazemos planos para estas férias de Natal. Apetece-nos casa, lareira e pijamas em tons de verde e vermelho. No Natal, quero todos os clichés. Quero todas aquelas coisas que causam irritação aos Scrooges deste mundo. Desde as músicas aos filmes. Um destes dias, revi o E.T. com o Manel. E, não tarda nada, estaremos a cantar Do-Re-Mi com a Julie Andrews. Entretanto, a Amélia já foi ao presépio. Gatos a remexerem nas areias de Belém também fazem parte dos nossos Natais. Por isso, lembrei-me com ternura de alguns dos gatos da minha infância e não me zanguei muito. Levantei os reis magos, compus o farelo e está como novo. Pena não ser assim, fácil, nos lugares a sério. 













A cozinha ainda está calma. Sabores mais natalícios, só um licor de leite, feito há duas semanas. E o chutney do Cinco Séculos à Mesa, da minha amiga Guida. Muito mais do que um livro de receitas, este é um livro que junta a História à gastronomia, escrito por quem percebe de ambas. E um livro bonito, que sabe bem folhear e apreciar. Tenho-o saboreado devagarinho e já selecionei umas quantas receitas a experimentar. Esta foi a primeira. Um chutney bem aromático, cheio de sabores de Natal.

Chutney
(Receita adaptada do livro Cinco Séculos à Mesa, de Guida Cândido)


Ingredientes (para 1/4 da receita original - rende 4 frascos de 250 ml):
500 g de alperces secos
1 maçã reineta
200 g de passas
90 g de alhos, picados
150 g de cenouras, aos cubos
150 g de açúcar amarelo 
10 g de gengibre em pó 
3 cravinhos
1 pitada de pimenta da Caiena
375 ml de vinagre
sumo de 1 limão
sal a gosto


Preparação:
Cortar os alperces, as maçãs e as cenouras em cubos. Picar os alhos. Pisar os cravinhos num almofariz. Misturar todos os ingredientes e deixar macerar de um dia para o outro. No dia seguinte, levar a mistura ao lume muito brando, mexendo pouco, para não partir demasiado. Colocar em frascos esterilizados e guardar em lugar fresco e seco.

Pode ser usado para acompanhar pratos de carne ou em entradas diversas. Gosto a acompanhar queijo.



A todos os que me leem, desejo um Natal muito feliz. E que 2017 seja um ano bom. Um ano de Paz!


6 comentários:

  1. Já estava com saudades. Palavras bonitas que aquecem o coração. Decoração cinco estrelas. Votos de um Feliz Natal 🌹🌹🌷

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada pelas suas palavras simpáticas, ainda que sem nome. E pelas suas flores. Gosto tanto!

      Um feliz Natal,

      Ilídia

      Eliminar
  2. Que post tão sereno e acolhedor. Está tudo lindo. Obrigada por nos continuar a encantar. Um Feliz Natal e um excelente 2017.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Ana, pelas suas palavras. Boas Festas para si e para os seus!

      Um abraço,

      Ilídia

      Eliminar
  3. Feliz Ano!!
    Muita paz, sobretudo.
    A decoração está muito bonita e é MT bom ler os textos.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Filomena, pelas suas palavras.

      Esperemos que sim, que 2017 seja mais pacífico do que 2017.

      Um beijinho,

      Ilídia

      Eliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Acerca de mim

A minha foto
O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.