Nadine. Gordon. Sandy. Hercules. Desta vez chama-se Alex. Dizem que tem mau feitio, este Alex. Nós mantemos a calma, mas estamos atentos. Afinal, estamos habituados a lidar com a Natureza. Respeitamos o que nos dizem, prevenimo-nos, mas não panicamos com facilidade. Ser açoriano também é isto. É sentirmo-nos pequeninos, no meio de um mar imenso. E perceber que, quando a Natureza se enfurece, não podemos fazer muito. Fechamo-nos, protegemo-nos e esperamos que passe. E lembramo-nos mais uma vez de que tudo o que somos e temos é frágil. Aprendi isso muito cedo. Com três anos, vi casas cair à minha volta. As memórias são difusas. Mas estão cá. Eu, pela mão do meu avô, à espera que a terra parasse de tremer. Depois, poeira pelo ar. E pessoas a correr, em pânico. E eu, muito pequena, sem perceber o que era aquilo. Depois, a casa dos meus pais cheia de gente. Há 35 anos, era a casa mais nova da zona. E segura, ao contrário das dos vizinhos, construídas no século anterior. Foi abrigo de muita gente nos dias que sucederam ao 1 de janeiro de 1980, quando quase toda a ilha caiu. Aprendi, naquela altura, que damos a mão a quem precisa. Os meus pais abriram a sua casa nova e improvisaram camas na sala, em corredores, na cozinha e em todo o lado onde houvesse espaço para um colchão. As pessoas uniram-se. E rezaram juntas. E arregaçaram mangas. Viveram em suspenso, durante meses. Alguns, durante anos. Outros, nunca mais foram os mesmos. Reconstruíram-se casas e igrejas. Algumas, mais bonitas do que dantes. Outras, nem por isso. Mas a ilha reergueu-se. E nós ficámos mais fortes.
Créditos das imagens: António Araújo
Gostei de ler e ver a imensidão de entre-ajuda que pode existir nas pessoas. Afinal precisamos todos uns dos outros, e andamos a vida inteira a dizer o contrário. bjs e que passe depressa estes dias de mau tempo.
ResponderEliminarNos Açores, são tantas as intempéries, que o povo se habituou a elas. E, quando é preciso, todos se unem para trabalhar. E isso é tão bonito :)
EliminarUm beijinho,
Ilídia
Por aqui tudo calmo. Espero que por aí também. O sismo de 80 também fez bastantes estragos cá na ilha. A minha avó não morreu por milagre, 2 segundos depois dela se ter levantado uma pedra gigante caiu-lhe na cama. Espero que nunca tenhamos de passar por isso novamente. Somos fortes mas também somos humanos. Beijinhos
ResponderEliminarCá em casa, mal o sentimos, na verdade.
EliminarImpressionante, essa história da tua avó. Há muitas, daquela altura. Foi uma época dura, até que as coisas se recompusessem. Também espero não assistir a mais nenhum sismo. Pelo menos daquela dimensão. Nem a um furacão a sério!
Um beijinho,
Ilídia
Ontem ao ouvir as notícias lembrei-me de si e desejei que tudo estivesse bem.O pior já terá passado. beijinho
ResponderEliminarObrigada, Eulália. Estamos bem. O Alex passou ao lado, não sobre a ilha, como se previa. Mas continuamos em casa, recolhidos.
EliminarUm beijinho,
Ilídia
Confesso que a segunda foto assusta um bocado, mas para quem vive nas ilhas talvez seja normal. Ainda bem que o mau tempo não foi tão mau quanto se previa.
ResponderEliminarGulosoqb
Sim, Carla, para nós, aquelas ondas não são assim tão assustadoras :) Ainda ontem, sem nenhum furacão anunciado, havia ondas bem maiores a 2 km da minha casa. Faz parte do encanto ;)
EliminarUm beijinho,
Ilídia
Assistimos assustadas ao desenrolar das notícias e acompanhámos as imagens na televisão e pela net. Felizmente não foi tão grave como se julgava inicialmente. Um abraço solidário.
ResponderEliminarAs notícias eram, realmente, assustadoras. Principalmente quando mostravam imagens de satélite e diziam que faltava uma hora para atingir a ilha. Não atingiu, felizmente. E as pessoas até fizeram piadas com a situação. Mas um dia pode atingir. Ainda bem que cada vez há mais cuidado com a prevenção.
EliminarUm abraço para si,
Ilídia