A forma como cozinho varia muito. Não sigo um estilo. Depende do dia, do humor, da inspiração e do à-vontade com os ingredientes que tenho entre mãos.
Se for cozinhar com os ingredientes familiares que tenho sempre em casa, é frequente improvisar. O resultado varia: às vezes, resulta muito bem; outras, assim-assim; outras, comemos sem vontade, simplesmente porque temos de nos alimentar e cá em casa não há desperdícios. Não pense quem me lê que tudo o que sai da minha cozinha é bonito como o que aparece nas fotos. Simplesmente, parece-me que não tem interesse mostrar e partilhar receitas que ficaram mal ou que ficaram apenas comestíveis. Qual seria o propósito? Mostrar que também existem desastres na cozinha de quem escreve sobre comida? Existem, com certeza. Pelo menos, na minha, que não sei o que se passa nas outras.
Se cozinhar um prato tradicional, nosso ou de outro país, normalmente não mexo na receita. Sigo religiosamente aquilo que foi escrito por quem sabe. O mesmo acontece com a doçaria. Quando muito, corto um pouco no açúcar. Mas, normalmente, sigo a receita. Sou pouco afoita no que toca a inventar doces.
O Manel já se apercebeu desta dualidade e é frequente ouvi-lo, no princípio de uma refeição: Ó mãe, leste a receita ou foste tu que a inventaste? Se lhe respondo que inventei e se calha gostar muito do prato, fica felicíssimo e olha-me com aquela cara de admiração profunda. Foi o que aconteceu no dia em que fiz este prato, que nasceu da necessidade de usar ricota e salame, ambos prestes a passar do prazo. Reunidos os ingredientes, fui picando, misturando, provando, aprimorando. Primeiro, pensei em cobrir as conchas com molho de tomate. No entanto, depois de as ver, já recheadas, pareceu-me que fazia mais sentido cobri-las com parmesão. E pela vontade com que os rapazes da casa as devoraram, parece-me que tomei uma decisão acertada.
Conchas gigantes recheadas com ricota, salame e cogumelos
Ingredientes para 4:
200 g de conchas gigantes
100 g de salame (pode ser substituído por fiambre, presunto ou outro tipo de charcutaria a gosto)
1 embalagem de ricota
6 cogumelos médios, picados de forma grosseira
sal e pimenta a gosto
manjericão fresco picado (1 colher de sopa)
3 colheres de sopa de azeite
3 dentes de alho, picados
parmesão a gosto, ralado na hora
Começa-se por cozer as conchas, em bastante água, temperada com sal.
Numa frigideira grande ou num wok, salteiam-se os cogumelos e os alhos no azeite. Entretanto, pica-se o salame.
Mistura-se os cogumelos, o salame, o queijo ricota e o manjericão. Tempera-se com sal e pimenta e, com uma colher de chá, recheia-se as conchas, que se dispõem num pirex, untado com azeite. No fim, rala-se queijo sobre as conchas recheadas e leva-se ao forno, a gratinar.
Serve-se com uma salada.
Cá em casa também nada se estraga e se estiver a acabar a validade, toca a gastar. Estas conchas estão com um aspecto muito agradável e de certeza que estão óptimas de sabor
ResponderEliminargulosoqb.blogspot.pt
Foi um improviso que correu bem :) Nem sempre acontece ;)
EliminarUm beijo,
Ilídia
Partilho esse teu registo. A fazer comida. E a deixar lastro. E sim, não interessa nada estar a deixar coisas sofríveis. Sendo que isto não significa que as receitas tenham de obedecer a uma sofisticação que não se coaduna com vidas normais como as nossas. Por isso, este teu improviso é um daqueles recursos bons. Com margem para que outros improvisos possam acontecer.
ResponderEliminarDias bons para ti! Um beijo.
Mar
O curioso é que muitas vezes estes improvisos me sabem melhor do que aquelas refeições muito planeadas, com ingredientes criteriosamente escolhidos. Este foi um deles. E dá para adaptá-lo e fazer um improviso diferente da próxima vez ;)
ResponderEliminarUm beijo para ti,
Ilídia