segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Fins de semana. A importância do roupão. E umas almôndegas de atum.

Os fins de semana existem para isto. Para pararmos e termos tempo para as coisas supérfluas. Aquelas (aparentemente) sem utilidade e que nos fazem felizes. Quando penso nisto lembro-me muito deste livro, que li há uns anos e ao qual regresso algumas vezes. Não podemos subestimar o poder das coisas banais. Afinal, são elas que nos permitem ter a sanidade necessária para nos dedicarmos às atividades sérias, consideradas úteis. Pelo menos eu preciso de fazer uma pausa de vez em quando e fazer inutilidades
Ao fim de semana, gosto de acordar sem despertador e ser recebida na cozinha pelo cheiro do pão acabado de fazer (abençoado inventor das máquinas de fazer pão). E tomar o pequeno-almoço com tempo. E ter tempo para fotografar a dupla requeijão + mel, a minha preferida dos últimos tempos.
Há uma pilha de roupa no cesto, à espera do ferro, mas está sol e o Manel está no jardim a fazer bolinhas de sabão. Saio e perco (ou não) tempo a fotografá-lo. E prefiro ir colher hortênsias para enfeitar a casa. A roupa que espere. De câmara na mão, vejo uma borboleta pousar num arbusto. Gosto do contraste e fotógrafo-a também. Vejo a Micas a tomar o banho matinal e registo o momento. E o Serafim, que foge do Gaspar. E fotografo a bicharada toda. Afinal, tenho tido pouco tempo para estar com eles durante a semana. E eles notam. Sei que sim pela forma como se roçam nas minhas pernas, à procura de atenção. Faço o almoço: uma receita já fotografada, mas que precisa de uns ajustes nas quantidades antes de ser publicada. E a minha maionese de alho e ervas, que os meus rapazes tanto apreciam. Depois, leio, pela tarde dentro. Livros e revistas em atraso. E escrevo este post. E a roupa continua no cesto, à espera. 












Partilho um dos meus textos preferidos do livro de que falei acima, sobre um dos maiores prazeres das manhãs de fim de semana:

"O ROUPÃO

Não há uniforme mais apropriado para a preguiça do que o roupão. Só o mero facto de se ter um é um sinal de esperança. Um símbolo de que se pretende ser negligente. Os roupões acompanham o estado de não fazer nada, mas o que é que está verdadeiramente a fazer quando não está a fazer nada? A pensar, é isso que está a fazer. A sociedade tem medo da população com tempo para pensar.
Sabe-se que são as pessoas deste género que costumam mudar as coisas. É por isso que o roupão é o verdadeiro uniforme da revolução. No futuro, numa qualquer altura bem distante da nossa, os homens e as mulheres olharão com assombro para o dia em que os donos do poder global foram finalmente derrubados - por um exército de pessoas vestidas de roupão."

O livro dos prazeres inúteis, Tom Hodgkinson e Dan Kieran, Quetzal 

E agora, a receita:


Almôndegas de atum com sementes de sésamo
e maionese de ervas



Ingredientes para 35 almôndegas:
600 g de atum fresco, limpo e cortado em pedaços
1 cebola pequena
2 dentes de alho
cebolinho picado (cerca de 1 colher de sopa, bem cheia)
salsa picada (a mesma quantidade de cebolinho)
1 colher de chá de harissa (opcional)
sal
pimenta (apenas se não se usar harissa)
sementes de sésamo

Num robot de cozinha, triturar o atum e reservar numa tigela grande (costumo triturá-lo de forma grosseira). Triturar a cebola e o alho e juntar ao atum. Picar as ervas e acrescentar à mistura anterior, bem como os temperos, misturando, com a mão.
Formar almôndegas e passá-las por sementes de sésamo.
Numa frigideira antiaderente, colocar um fio de azeite e deixar aquecer um pouco. Fritar as almôndegas, com a frigideira tapada, 2 a 3 minutos, agitando a frigideira de vez em quando. Com uma espátula, virá-las e deixa-las acabar de cozer, mais 1 ou 2 minutos.

Servi as almôndegas com batata doce e abóbora assadas e esta maionese de ervas:
No fundo do copo da varinha mágica, colocar um ovo inteiro, um dente de alho, uma colher de café de vinagre, uma de mostarda, sal e pimenta preta. Desfazer tudo com a varinha mágica. Com esta em funcionamento, juntar óleo, em fio, até que a maionese atinja a consistência desejada (a varinha não deve estar pousada no fundo do copo; deve fazer-se movimentos, na vertical, subindo e descendo, para que fique bem cremosa). No fim, juntar cebolinho e salsa, picados, e servir.





10 comentários:

  1. Sou tal e qual! Ao fim de semana gosto de estar em casa, descontraída, em sossego, sem horários, sem obrigações (embora com 3 crianças isso seja quase impossível)! Sabe tão bem! Tenho de experimentar essas almôndegas e essa maionese, gostei muito da combinação! Belas fotos! Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São mesmo necessários, os fins de semana. Principalmente depois de semanas mais intensas. Já anseio pelo próximo :)
      Experimente as almôndegas. São uma forma diferente e saborosa de se pôr peixe na mesa.

      Um beijinho,

      Ilídia

      Eliminar
  2. que lindas almôndegas!
    Beijinhos,
    http://sudelicia.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  3. Que bem que parecem!!! Já tinha saudades de passar por este teu cantinho!... Beijinhos c saudades
    M.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E eu, saudades de te ver por cá :)

      Temos de falar um dia destes.

      Beijos,

      Ilídia

      Eliminar
  4. Sou dona de vários roupões. Concluo. portanto. que nem tudo está perdido para mim.
    Vou comprar o livro amnhã.
    Obrigada.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu também. Desde os turcos, aos mais leves :) Ainda havemos de fazer uma revolução ;)
      Espero que goste do livro. Depois conte :)

      Um beijo,

      Ilídia

      Eliminar
  5. Muito importantes, os uniformes para a preguiça. No meu caso, casacos de malha. Soltos, com vários anos em cima. E alguns borbotos também:) Faz(em) parte.
    Li/lemos esse livro. O título é irresistível. Até porque os prazeres são deliciosamente inúteis, não servem para nada imediato, observável. É bom lembrar isso, que as fundações dos nossos modos de vida são ansiosas pelo objectivo, pela concretização, pelo "útil". E um livro é, para mim, a primeira das subversões.
    Nunca fiz almôndegas, sabes? Por achar que não tenho jeito, que não vai correr bem e não sei que mais. Mas tenho de dar a volta a isso. Ficaram lindas, as tuas. Guardei a ideia:)

    Um beijo de boa semana.

    Mar

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Importantíssimos! E a preguiça em si. Também tenho casacos como os que descreves, mas ao domingo de manhã é mesmo roupão :) Aquele arrastar-me da cama para o sofá sabe muito bem. E tem de ser de roupão ;)
      Gosto muito, muito deste livro. A identificação com alguns daqueles prazeres "inúteis" é imediata. Por isso, é um livro lido quase sempre a sorrir e a pensar "Afinal não sou só eu" :)
      Quanto às almôndegas, dá-lhes uma oportunidade. É tão relaxante aquele ritual de as moldar entre as palmas das mãos. E nada complexo, vais ver. Tenho a certeza de que vais adorar! Uma tarefa para se ir fazendo devagar, enquanto se ouve música. Imagino-te mesmo a fazer almôndegas :)

      Um beijo quase de fim de semana,

      Ilídia

      Eliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Acerca de mim

A minha foto
O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.