sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cor

É sempre assim que começo o fim de semana. A comprar flores. Há poucos rituais que me façam sentir melhor. À sexta-feira, saio do trabalho e escolho as flores que me hão de acompanhar durante a semana. E sei que chegar a casa e olhar para elas, depois de um dia longo, me trará tranquilidade. Gosto de ser recebida pela alegria das flores. Cada um deve procurar o que lhe faz bem. E as flores fazem-me bem. Nem que seja por um instante, hei de observar as minhas flores e isso há de trazer-me paz. São estas pequenas futilidades que nos pincelam a vida, colorindo o cinzento dos dias. 
Entro em casa, com os braços cheios de cor. Carregada, pouso a carne e os ovos que trago do talho e as flores. Substituo as antigas, que foram amadurecendo juntamente com a semana, pelas novas. Flores frescas e um fim de semana a estrear. Às vezes, saio ao jardim, colho malmequeres ou jarros e misturo-os com as que trago. As desta semana, que me hão de colorir os dias, são amarelas, da cor do verão.





    Segue o teu destino,
    Rega as tuas plantas,
    Ama as tuas rosas.
    O resto é a sombra
    De árvores alheias.


    A realidade
    Sempre é mais ou menos
    Do que nós queremos.
    Só nós somos sempre
    Iguais a nós-próprios.


    Suave é viver só.
    Grande e nobre é sempre
    Viver simplesmente.
    Deixa a dor nas aras
    Como ex-voto aos deuses.


    Vê de longe a vida.
    Nunca a interrogues.
    Ela nada pode
    Dizer-te. A resposta
    Está além dos deuses.


    Mas serenamente
    Imita o Olimpo
    No teu coração.
    Os deuses são deuses
    Porque não se pensam.

                Ricardo Reis




Bom fim de semana!

8 comentários:

  1. Olá Ilídia,

    Tem toda a razão quanto às pequenas coisas. São as de todos os dias e as que fazem a diferença.

    Se a vida fosse feita sempre de grandes coisas não tínhamos sossego. Para além de, na maior parte dos casos, não estarem ao nosso alcance.

    Nem vou falar nisso porque nos últimos dias tenho andado com "crises existenciais".

    Felizmente existe a Internet e, através dela, vinda da Ilha Terceira, esta explosão de côr!

    Sabia que tenho uma relação muito especial com as flôres que aqui apresenta? Foram as do meu bouquet ( por posts seus, julgo que também casou no dia 02 de Setembro do ano 2000).

    Uma das coisas boas de morar num sítio pequeno é ter tudo por perto. Quando fui tomar um café, entrei na florista para comprar flôres. Volto amanhã, as de hoje não são frescas.

    Vem o efeito do seu post?

    E ontem fiz um bolo cuja receita "levei" daqui.

    Um beijo do Algarve e fico à espera das suas notícias. Quem me dera que existisse o teletransporte!

    Sandra Martins

    PS - Adorei o poema!

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    Respostas
    1. Olá, Sandra.

      As crises existenciais fazem parte. São sinal de que nos interrogamos e questionamos aquilo que nos rodeia. Estas cores são uma tentativa de aligeirar dias que às vezes não são tão ligeiros quanto isso. Para mim, são as flores, para outros, será outra coisa qualquer. Cada um deve procurar alguma coisa que o ajude a tornar os dias mais fáceis.
      Em relação ao casamento, também casei em 2000, mas uns dias antes, a 12 de agosto. Não levei lírios no bouquet, mas gosto muito e tenho-os em casa e os do jardim estão quase a abrir. Tenho andado todos os dias a espreitar, à espera :)
      Fico muito feliz que o meu post lhe tenha feito bem. As suas palavras também me fizeram. E os miminhos vindos do Algarve também. Os doces de amêndoa estiveram à minha mesa no dia do pai :)

      Um beijo,

      Ilídia

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  2. Viver as pequenas coisas é tão bom!
    E são momentos como esses, que nos fazem a vida mais colorida, gosto tanto de flores, apesar de não ter esse ritual, vou sempre espreitar o jardim e a horta para ver as flores novas que nascem lá fora.
    Um beijinho.

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    Respostas
    1. Pois eu não vivo sem elas. No jardim, em vasos e em jarras. Estão por todo o lado. E começar o fim de semana a comprá-las já se tornou um hábito :)

      Um beijinho para ti,

      Ilídia

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  3. Querida Ilídia
    Feliz regresso. Que bom que sentiu, finalmente, falta da gente. Eu quase sempre entrava no seu blog, muita mais doce do que acre, para ver se o seu “até qualquer dia” havia chegado. Ainda bem que chegou. E com muito bom gosto: Ricardo Reis (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) e a inesquecível Nina Simone!!! Fique para sempre, com a periodicidade que achar conveniente, mas não nos deixe mais, porque sua presença é sempre repleta de flores, de alegria, de cores, de mensagens inteligentes e de comidas saborosas e práticas. Eu, cá do Brasil, em pleno inverno tropical, lhe dou as boas vindas em seu pleno verão europeu.
    Um forte abraço e continue sempre, com suas flores...
    Antônio César

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    Respostas
    1. Olá, César.

      Muito obrigada pelas suas pelas suas palavras :) Claro que senti falta. E comentários como o seu deixam-me imensamente feliz. Que bom que este lugar faz bem a alguém.
      Só uma explicação: este post não é, na verdade, o meu post de regresso. Este post foi escrito em março e, a 3 de julho, quando já andava a preparar o meu regresso, editei-o (acrescentei a etiqueta das flores) e ele voltou a ser publicado com aquela data).
      Deixo-lhe o link para o post do regresso, de ontem: http://maisacrequedoce.blogspot.pt/2015/08/regresso.html

      Mais uma vez, muito obrigada pelo seu carinho.

      Um abraço,

      Ilídia

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  4. Que bom vê-la de volta e com um post tão luminoso! Também gosto muito destas flores e compro-as com muita frequência ao fim de semana. Um abraço.

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    Respostas
    1. São lindas, não são? Impossível resistir-lhes ;)

      Um abraço,

      Ilídia

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.