Sublime

Acho que sublime é a palavra. Não me ocorre nenhuma mais adequada ao entardecer de ontem.
Quando fazíamos o trajeto entre Angra do Heroísmo e São Sebastião, fomos presenteados com um dos espetáculos mais belos que vi nos últimos tempos. A natureza majestosa a mostrar-nos que é capaz das mais belas obras de arte. Uma lua imponente, que nos fez companhia enquanto contornávamos o sul da ilha. Uma lua muito redonda, que riscava um mar de azeite e iluminava um pequeno barco de pesca.

Atrás de nós, um quadro não menos belo. Daqueles raros, que apetece contemplar horas a fio, numa tentativa de os absorver, de os guardar. O Monte Brasil, em primeiro plano. Ao fundo, São Jorge e, por trás, a silhueta grandiosa do Pico.
Nas ilhas do triângulo (Pico, Faial e São Jorge), é maior a noção de arquipélago. A noção de pertencermos a um todo. Quase acreditamos que, se nos lançarmos ao mar, facilmente alcançamos os nossos vizinhos. Na Terceira, não. Bem mais afastada das irmãs, só lhes vemos a silhueta se o tempo estiver bom. São Jorge, com alguma frequência. O Pico, se tivermos sorte. Ontem, foi um desses dias. Ontem, tivemos a sensação de pertencer a um arquipélago. 

A rematar a tarde, um jantar com a vista já tão familiar do farol das Contendas.