My canadian neighbour

Vestiu a saia bege e a camisa às bolinhas. Foi para a cozinha. Acendeu o forno e fez uns bolinhos. Tinha combinado aparecer em casa da vizinha, à tarde. À hora combinada, lá foi ela, de mão dada com o filho. Levava, ainda, alguns figos, que colhera na véspera, para oferecer. Hábitos rurais que ainda se mantêm por aquelas paragens. Quando se viram, abraçaram-se. Como se se conhecessem desde sempre. E sentaram-se à mesa. Na cozinha acolhedora. Em frente a um bolo de maçã delicioso, perfumado com especiarias. Daqueles que cheiram a lar. Partilham o gosto pela casa, pelas flores, pela comida caseira, pelos livros de cozinha. Ambas elegem o outono como a estação mais bonita de todas. A estação da casa. Do forno ligado. Falaram muito. E encontraram mais coisas em comum. E pessoas em comum. E perceberam que, no passado, frequentaram os mesmos lugares. E que até têm uma vaga ideia de se terem cruzado. E despediram-se. Com a promessa de mais encontros. De mais bolos partilhados. 

Esta  poderia ser a história de duas vizinhas dos anos 50 ou 60 do século passado. Porém, é a história de duas mulheres do século XXI que, apesar de morarem a escassos metros, não se conheciam. Conheceram-se porque um dia ambas decidiram criar um blogue. Gostei muito de te conhecer, Diana.