Chegaram os figos!

Creio que o fruto proibido de que se fala no Génesis não era a maçã. Teria de ser um fruto bem mais luxuriante. Teria de ser figo. Uma tradução mal feita, com certeza, fez com que a verdadeira história fosse adulterada. Só o figo seria capaz de levar Eva à perdição.

Para mim, é sempre uma emoção o dia em que o meu pai me traz os primeiros figos do ano. Essa primeira remessa é sempre degustada (a expressão mais apropriada seria "sofregamente devorada") simples. Em todo o seu esplendor. À medida que se vão tornando mais abundantes, começam as experiências culinárias.

Ontem, fui aos figos, com o meu pai. Apanhar figos é trabalhoso. Alcançar alguns exemplares é uma tarefa quase perigosa. Requer alguma perícia. Coragem, até. Mas é impossível deixar na figueira um figo maduro. A visão de um fiozinho de mel a escorrer de um destes frutos é quase hipnótica. É uma espécie de tesouro que não pode ficar atrás. Assim, cuidadosamente, vai-se trepando à figueira, afastando um ramo daqui, puxando outro dali, até que se alcança o tão desejado fruto. Não sei se será a luta que nos dá que torna o figo tão apetecido. De uma coisa tenho a certeza: estes, apanhados por nós, da figueira do meu pai que, segundo ele, tem quase a minha idade, sabem-me muito melhor do que os que se compram no mercado.

Nota: Nos Açores, os figos só começam a aparecer por esta altura. No meu caso, esta espera só faz com que me saibam ainda melhor.

Pizza de presunto, feta e figos grelhados

A massa usada para a base foi esta. Pincelei-a com um pouco de molho pesto e coloquei sobre este algumas fatias de presunto, cortadas em pedaços, cubinhos de queijo feta, cebola roxa, cortada em rodelas finas, e mini-tomates, cortados a meio. Levei-a ao forno. Enquanto cozia, grelhei os figos: aqueci um grelhador, untado com um pouco de spray de cozinha, e pus os figos, com a parte cortada voltada para baixo. Coloquei-os sobre a pizza e servi.

Receita inspirada nesta, da Gasparzinha.