Quem cresceu na Terceira cedo se habituou ao convívio com os americanos, devido à Base das Lajes. Nos anos 40 do século XX, por altura da Segunda Gerra Mundial, eles instalaram-se cá. E vieram para ficar. Numa altura em que a emigração era a única solução para escapar à miséria que se vivia na ilha, a Base foi o sustento de muitas famílias. Ainda é.
Para uma criança que cresceu nos anos 70/80, viver na Terceira, mais propriamente na zona da Praia da Vitória, era um privilégio. Tínhamos acesso a produtos que só mais tarde se tornaram comuns no resto do país. Ainda me lembro do nosso primeiro VHS, da minha excitação ao ver a cores o big bird (o popas), de Sesame Street, na nossa primeira televisão a cores, da marca Sony, dos eletrodomésticos para a cozinha que a minha mãe, apaixonada pela cozinha como eu, comprava, impossíveis de encontrar "cá fora". Da minha primeira Barbie. Das minhas primeiras Nike (lindas de morrer, brancas, com apontamentos lilás e verde água). Dos gelados Baskin-Robbins, ainda nos copinhos castanhos, às bolinhas cor-de-rosa.
Nem todos podem fazer compras nas lojas americanas. Só alguns privilegiados, trabalhadores da Base, ou altas entidades terceirenses. Não por culpa dos americanos, dizem, mas por pressões por parte dos comerciantes da ilha, que as veem como uma ameaça. No entanto, toda a população terceirense consome produtos americanos, comprados "lá dentro", como por cá se diz, por familiares ou amigos.
Atualmente, com o surgimento das grandes superfícies e até de algumas lojas gourmet, já temos acesso a quase tudo "cá fora", mas há certos produtos, aos quais nos habituámos, que só existem "lá dentro". É o caso do sour cream, com que fiz estas panquecas, retiradas de um um site americano, claro.
Ingredientes:
2 colheres (de sopa) de manteiga
1 cup de farinha (125 gr.)
2 colheres (de chá) de açúcar (usei light brown, americano)
1 colher (de chá) de fermento em pó
1/2 colher (de chá) de bicarbonato de soda
1/2 colher (de chá) de sal
2 ovos, ligeiramente batidos
1 cup (250 ml.) natas azedas (sour cream)
1/4 cup (65 ml., aproximadamente) de leite
Essência de baunilha a gosto (não estava na receita original, mas adorámos o resultado)
Preparação:
Derreter a manteiga e deixar arrefecer.
Com uma vara de arames, bater os ovos com o sour cream, até estarem bem misturados. Adicionar a manteiga, já fria, o leite e umas gotinhas de essência de baunilha. Misturar bem.
Misturar os ingredientes secos.
Juntar os ingredientes secos aos líquidos, mexendo bem, até estar tudo bem misturado.
Aquecer uma frigideira anti-aderente, deitar uma concha de massa, esperar que aloure e virar, com uma espátula.
Nota: Os americanos servem as panquecas com Maple Syrup, mas cá em casa não somos apreciadores. Eu acompanhei com doce de abóbora e os meus homens, com queijo e fiambre.
* Quem quiser ver mais informações sobre conversão de medidas, pode fazê-lo aqui.
Ainda este fim-de-semana fiz, mas, sem o sour cream. A receita que tenho é muito parecida e são devoradas muito rapidamente. Ficam muito fofinhas.
ResponderEliminarIlídia essas panquecas têm aparencia de serem excelentes, agora tenho que experimentá-las para comparar com as outras de queijo. E como faço parte dessas pessoas "privilegiadas" vou comprar esse sour cream um dia destes para experimentar!
ResponderEliminarBeijinhos
Que bom descobrir mais uma blogueira "vizinha"! Adorei este cantinho. :)
ResponderEliminarBeijinhos do Porto Martins.
Adorei as panquecas, mas acima de tudo o texto. Ser terceirense é de certa forma identificarmo-nos com essa realidade descrita em pequenos pormenores do nosso quotidiano.
ResponderEliminarBjs Patrícia
Ilidia, aqui está um pequeno almoço que me deixa de barriga cheia, não consigo comer só uma. Com sour cream nunca fiz.
ResponderEliminarUm beijinho
Vou experimentar porque parecem saborosas e muito fofinhas.
ResponderEliminarSeu cantinho promete, Ilídia.
Vou sempre passar por aqui.
Bjs
Muitos parabéns pelo blog que fiquei hoje a conhecer e adorei!
ResponderEliminarVou só ficar aqui um pouquinho a "vasculhar" as receitinhas!
Beijinhos grandes.