quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Bretanha

A Bretanha era um sonho antigo. Na minha imaginação, esta região sempre esteve envolta numa aura misteriosa e fascinante. O nome Bretagne e o adjetivo breton sempre me despertaram aquela vontade de ir, de mergulhar numa região singular, com costumes e tradições muito próprios. Queria muito que estas palavras deixassem de significar utopias e passassem a ter rostos, cores,  cheiros, sabores.
Nestes dias em Rennes, quis encher-me de tudo. Conheci muitos bretons, todos hospitaleiros, bem dispostos, divertidos. Provei pratos deliciosos, preparados com manteiga, a gordura da cozinha bretã. E crepes, doces e salgados, acompanhados por cidra, servida em chávenas lascadas, numa maison à colombages curvada pelos séculos. E passeei por uma cidade linda, cheia de História, onde as igrejas e edifícios belíssimos se misturam com as ruas a fervilhar de estudantes que bebem cerveja ao anoitecer.  E cantei canções bretãs, guiada pelos meus amigos franceses
























Na Bretanha, deixei-me deslumbrar com a paisagem singular e pitoresca de Cancale. Vi pessoas a apanhar ostras, acompanhadas pela silhueta do Mont Saint-Michel, que parecia observá-las, ao fundo. Fotografei como uma louca, na tentativa de não deixar escapar nada, de trazer tudo comigo. Sentei-me numa brasserie e comi ostras. Bebi vinho branco e diverti-me muito, com as piadas dos meus colegas franceses, gregos e polacos. This place is so beautiful. It's metaphysical., dizia a Eleni. Todos rimos com o ar maravilhado com que ela disse aquelas palavras. Mas estava certíssima. Talvez seja o adjetivo mais adequado àquele lugar, à experiência que estávamos a viver, ali, todos juntos, naquela tarde de novembro. Comer ostras em Cancale, com aquele cenário à frente foi, realmente, uma experiência muito especial. 







                                                                                                 Kouign-amann, sobremesa típica

Atravessámos campos salpicados de casas lindas, daquelas em que nem parece habitar gente de verdade, de tão pitorescas. Fotografei muito, mais uma vez. E imaginei quem habitaria aquelas casas, quem andaria a construir aquela cerca de madeira, ainda por concluir. 




Um dos momentos altos desta viagem foi a visita ao Mont Saint-Michel. Num dia nublado, pontuado por alguns chuviscos. Até o tempo ajudou. Acho que o sol declarativo tiraria parte do mistério a esta abadia escura e pesada. Pelo menos no meu imaginário, o Mont Saint-Michel sempre esteve associado a tempo sombrio. Enquanto atravessávamos ruelas, visitávamos capelas, enquanto subíamos e descíamos escadas, fomo-nos separando. Cada um visitou aquele lugar à sua maneira. E em silêncio, sobretudo. Os pássaros acompanharam-nos sempre, pousando perto de nós, sem medo. As vistas deslumbram, pela paz. Um dos lugares mais especiais em que já estive. 
À saída, comemos bolinhos e bebemos café quente, oferecidos pela Hélène e pelo Hervé, que nos guiaram neste dia. Enquanto saboreava aquele lanche reconfortante, olhei para a abadia e tive a noção de que, mais uma vez, estava a viver um momento especial. Daqueles que recordarei com gratidão até ao fim dos meus dias.














8 comentários:

  1. E os outros que dêem aulas, não é?

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    1. Não, não é, caro "anónimo". Teria muito para lhe dizer acerca do meu trabalho. No entanto, não o vou fazer. Estive para nem publicar o seu comentário. No entanto, ao contrário de si, não sou cobarde e não tenho medo de assumir as minhas opiniões. Lançar veneno de forma anónima é fácil, não é?

      Ilídia


      PS: Escusado será dizer que o próximo comentário anónimo será eliminado.

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  2. Que belas fotos! Parece ter sido uma experiência muito enriquecedora. Fiquei com vontade de ir :-)
    Um abraço.

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    1. É uma região linda, Ana. Sim, vá. Afinal não está assim tão longe ;)

      Um abraço,

      Ilídia

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  3. Ao anónimo das 12:13: ensinar não é só estar na sala de aulas; há muito mais para além disso.

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    1. Ana,

      obrigada pelas suas palavras. O anónimo das 12:13 (e muitos outros anónimos que pensam da mesma maneira) não imaginam o que é para um aluno de uma terra pequena como a minha ir a um lugar destes. Para alguns, é a primeira oportunidade de saírem da ilha. Esta viagem não envolveu alunos. Foi o primeiro encontro, só de professores, de preparação de um novo projeto. Houve muito trabalho, mas qual seria o interesse de trazer para este espaço fotografias de papéis e de mesas de trabalho? Já em fevereiro, um grupo de 6 alunos irá a Atenas, na primeira mobilidade para alunos (eu não irei, caro anónimo, por isso pode dormir descansado). Precisava de ter visto o ar dos meus alunos quando viram as minhas fotos e perceberam que para o ano 6 deles poderão visitar estes lugares! E não imagina como é gratificante ver alunos a aplicarem-se mais porque querem muito provar que merecem ir à Polónia em abril! Nem toda a gente compreende, Ana. Obrigada por compreender.

      Um abraço,

      Ilídia

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  4. Querida Ilídia,
    a Bretanha é de facto encantadora! Adorei o Mont Saint-Michel, apesar de ter ficado «presa» no lodo!
    Não tive a sorte de a visitar com franceses simpáticos mas foi, curiosamente, um casal «franco-italiano», num dos castelos que visitávamos no Vale do Loire que nos disse ser obrigatório lá passar. Tinham toda a razão! Fica para a vida.
    Nem comento os «anónimos» de tão ridículo que é!
    Abraço,
    Guida

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    1. É uma região muito autêntica e os bretons têm muito orgulho das suas tradições. Ficaste "presa" no lodo do Mont? Tenho de ouvir essa história com mais pormenores ;)
      Sim, quanto ao "anónimo", não vale a pena. Só publiquei o comentário porque não o quis deixar sem resposta. Mas foi a última vez que publiquei um comentário deste teor. A primeira e a última :)

      Um abraço para ti,

      Ilídia

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