quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Mais um encontro. E uma receita de salmão.

Passaram-se três semanas desde o último post. Três semanas muito cheias, durante as quais as atividades domésticas não tiveram grande relevo. Pelo menos aquelas com interesse suficiente para figurarem neste espaço.
O último post é de 11 de setembro. Entretanto, as aulas recomeçaram. E, este ano, o nosso setembro foi  bem menos rotineiro do que o habitual. Logo na segunda semana de aulas, recebemos os nossos parceiros estrangeiros do projeto Erasmus +. A escola encheu-se de alemães, italianos, franceses, lituanos e polacos. De vez em quando, o inglês era substituído pela língua-mãe de cada um, o que tem sempre a sua graça nestes encontros. Coube-me alojar a equipa alemã, já minha conhecida de outros encontros. A par das sessões de trabalho, houve tempo para levarmos os nossos amigos a descobrir a ilha, com uma geografia completamente diferente de tudo a que estão habituados. Stunning, amazing, breathtaking foram alguns dos adjetivos usados em lugares como os Biscoitos, o Vale da Achada ou o Algar do Carvão. E vê-los comer com gosto as nossas Sopas do Espírito Santo foi surpreendente.  Tentámos, em cinco dias, mostrar aos nossos colegas estrangeiros o melhor que temos. E acho que não nos saímos mal. Algumas despedidas foram difíceis. Alguns não voltaremos a ver. Outros  prometeram voltar de férias, com a família. Ficamos à espera. Entretanto, a maior parte voltará a encontrar-se, bem longe daqui.
Fala-se de tudo, nestes encontros. De educação, como é natural, comparando sistemas de ensino, estratégias e até ordenados. Ficam sempre ideias interessantes para pôr em prática. Sementes que, se forem bem regadas, hão de dar frutos. Falamos muito de gastronomia. Principalmente à mesa. Das origens das receitas, do porquê das especiarias, da História que lhes está associada. E descobrem-se paixões comuns. Com a Sandra, italiana, fartei-me de falar da (ainda) misteriosa Elena Ferrante. Já em setembro, a Sandra me dizia que, em Itália, havia rumores de que a escritora fosse Anita Raja, mulher do escritor Domenico Starnone. Entretanto, parece que está desvendado o mistério. Não percebo o propósito de contrariar a vontade da senhora, mas os senhores jornalistas têm de fazer o seu trabalho. 
Segundo o calendário, os dias em que estivemos juntos já eram de outono, mas ainda foram muito de verão. Passeio de barco, a ver golfinhos, jantar no jardim chez nous, tourada à corda, no Porto Martins, e outras atividades ainda estivais. 








Entretanto, a nova estação instalou-se. Parece ter vindo para ficar, com as beladonas, as cores quentes e a doçura que a caracterizam. Nós recolhemo-nos. Os serões pedem manta e o regresso às séries. Depois destes dias cheios, apreciamos os dias a três, no nosso casulo. Volta a haver tempo para a cozinha. Pela casa, há chocolates lituanos, vodka polaca, rebuçados alemães, vinho francês. Os pratos recebem ingredientes que vieram de longe, por mãos amigas que sabem do meu gosto pela cozinha. É o caso deste salmão. Deixo a versão original, com Marsala, oferecido pelas minhas saudosas  amigas Claudia e Tiziana. Entretanto, como sei que nem sempre é fácil conseguir este vinho siciliano, experimentei a receita com vinho do Porto. Muito saborosa, também. 

Salmão com Cogumelos e Marsala (ou Vinho do Porto)



Ingredientes para três:
6 tranches de salmão
sal e pimenta a gosto
2 chávenas de farinha de trigo
1/2 chávena de azeite
1 chávena de vinho Marsala (ou vinho do Porto)
2 chávenas de cogumelos fatiados
2 chávenas de caldo de galinha (uso knorr natura)
2 colheres de sopa de manteiga, à temperatura ambiente (não usei)
2 colheres de chá de tomilho picado + 3 hastes, para decorar


Preparação:
Temperar o salmão com sal e pimenta.
Temperar a farinha do mesmo modo e passar o peixe pela mistura, sacudindo o excesso.
Levar o azeite ao lume, numa frigideira larga, e fritar o salmão durante 2 ou 3 minutos de cada lado (não deverá ficar totalmente cozido, pois ainda voltará ao lume). Colocá-lo num prato, enquanto se prepara o molho.
Juntar o vinho e os cogumelos à frigideira (sem a lavar) e levá-la ao lume. Temperar com sal e pimenta e deixar saltear 1 ou 2 minutos. Acrescentar o caldo de galinha e o tomilho picado, baixar o lume e deixar o líquido reduzir para metade (o álcool evaporará, por isso, o prato poderá ser servido às crianças). 
Juntar o peixe ao molho e deixar cozinhar mais 2 ou 3 minutos.
Retirar o salmão para os pratos, cobri-lo com o molho de cogumelos e guarnecer com tomilho (na receita original, o molho volta ao lume, com a manteiga, até esta se fundir, mas eu omiti este passo e não creio que faça falta).

6 comentários:

  1. Está mesmo apetitoso este teu salmão Ilídia, obrigada ela partilha,

    beijinho e uma boa semana!

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    Respostas
    1. Obrigada, Mariana! Foi bem apreciado. E há de ser repetido muitas vezes este outono/ inverno :)

      Um beijo,

      Ilídia

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  2. Querida Ilídia,
    já tinha saudades de te ler! O início do ano letivo é sempre extenuante. Mas o teu teve esse aspeto multicultural que acrescenta tanto, não é?
    Em relação ao Marsala, fizeste muito bem a comutação ;) Os nossos mestres de cozinha do século passado, faziam muitas vezes essa troca nas suas incursões pela cozinha internacional.
    Abraço de bom fim de semana.
    Guida

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    Respostas
    1. Olá, Guida.

      Obrigada pelas tuas palavras :) Ando com pouco tempo. Muito trabalho, muitos projetos, viagens... Tudo muito enriquecedor, sem dúvida, mas acho que ainda estou a recuperar daquela semana com os estrangeiros. Foi muito intensa, de uma exigência tremenda. Mas correu muito bem, felizmente.
      Quanto ao salmão, realmente, a receita não perde nada com a troca. Na opinião do Paulo, até ganhou. Eu gostei das duas versões.

      Um abraço,

      Ilídia

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  3. Pelo meio dessa azáfama toda, ainda arranjaste tempo para ser minha cúmplice num presente doce e romântico para o meu Vasco:) Tu e a Lídia que faz coisas maravilhosas.

    Essas geografias que coincidiram aí na vossa ilha devem ter adorado tudo: o mar, o verde, a comida e as pessoas. De certeza que sim.

    Dias bons, minha querida! Um beijo.

    Mar

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    1. Na verdade, só fiz um telefonema à Lídia. Ela fez o resto :) Sim, daquelas mãos saem coisas maravilhosas :)

      Adoraram, sim :) Foi tão bom, tão bom, que houve lágrimas no aeroporto e tudo :)

      Dias bons para vocês também!

      Um beijo,

      Ilídia

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