domingo, 3 de abril de 2016

Flores do Norte. E uma receita de favas.

Gosto de flores. Em vasos, em jarras, nas bermas das estradas, nos jardins. E nos hortos. Por isso, a Flor do Norte é um dos meus lugares preferidos quando vou à terra do meu marido. Tirar umas horas e passear entre bolbos, orquídeas de todas as cores e feitios, árvores de maior ou menor porte, ervas aromáticas, plantio de couves e alfaces e outras plantas de comer é um programa que procuro sempre. Desta vez, encontrámos uma colecionadora de orquídeas com quem ficámos à conversa algum tempo e que nos deu imensos conselhos. Enquanto percorríamos as estufas, cruzávamo-nos com algumas pessoas que, sem pressas, trocavam impressões sobre uma ou outra planta, na sua pronúncia do Norte. E no fim, enquanto pagávamos, o dono gracejou acerca dos Açores. Leve o que quiser, menina. Lá, pega tudo! Um lugar mesmo especial, esta Flor do Norte. E bem próximo da casa da minha cunhada, tão apaixonada pelas coisas da terra como eu. Vivesse eu lá e seria um dos meus lugares quotidianos, onde me refugiaria sempre que precisasse de paz.











Da Flor do Norte, trouxe bolbos de narcisos. Da quinta da minha cunhada, vieram frésias. Do jardim da minha sogra, mais bolbos, de umas flores bonitas, a que ela chama trigos. 
Já estão na terra. Hoje, andámos a jardinar, os três. No fim, colhemos salsa e espinafres, jarros e rosas. E o Manel apanhou boninas e erva azeda e fez um raminho para enfeitar as pedras da Micas. Costuma fazer isso, quando vai ao jardim. E fala dela, com saudade.
É bom sair. Mas é bom estar de volta. Depois de uns dias no Norte, regressámos ao nosso lugar. Nesta altura, sabe ainda melhor. A primavera fez das suas enquanto estivemos fora. Flores novas. Algumas já conhecidas. Outras que são novidade. Bolbos enterrados no ano passado que agora deram flor. E a estrelícia gigante, com três flores, também elas de tamanho XL. Sempre um milagre, a primavera!










Outro sinal de primavera é o aparecimento das favas nas bancas de supermercado. Uma festa, quando as vejo. Uma boa surpresa, neste meu regresso à ilha. Bem tenras e pequeninas. Descasquei-as, com a ajuda do Manel, juntei-lhes um ovo e um pedacinho do chouriço que trouxe do Norte e fiz um arroz. Bem molhadinho e reconfortante. Um belíssimo jantar neste domingo antes do início de mais um período letivo.




Arroz malandrinho de favas


Ingredientes para 4 pessoas:
1 chávena de arroz carolino
1 cebola média, picada
2 dentes de alho, picados
1 dl de vinho branco
1 tomate pequeno
1 folha de louro, sem o veio central
3 colheres de sopa de azeite
160 g de favas, pesadas já sem a pele branca
1 pedaço de chouriço com cerca de 3 cm, picado
4 ovos
1 raminho de salsa
sal, pimenta e noz moscada

Preparação:
Refogar a cebola e os alhos no azeite. Acrescentar o tomate e deixar cozinhar 1 ou 2 minutos. Juntar o arroz e o louro e deixar fritar até o arroz estar com um aspeto transparente. Com o lume alto, acrescentar o vinho branco e deixar que este evapore. Adicionar 3 chávenas de água e as favas. Temperar com sal, pimenta e noz moscada e deixar cozinhar, em lume brando, até o arroz e as favas estarem cozidos. Juntar salsa picada, provar e, se necessário, acrescentar algum tempero.
Entretanto, escalfar os ovos, um de cada vez: numa panela pequena, colocar água com um fio de vinagre; quando a água ferver, abrir o ovo, com cuidado, e deixar que coza.
Num prato, colocar uma porção de arroz. Sobre este, o ovo, temperado com pimenta preta. Para servir, juntar chouriço picado, a gosto, e uma fatia de pão escuro. O copo de tinto é opcional. Para mim, indispensável.





12 comentários:

  1. Ficou um arroz muito apetitoso sem dúvida alguma. Humm...
    Bjinhos!! :)

    http://bimbysaboresdavida.blogspot.pt/

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    1. Muito bom. Para quem gosta de favas, claro ;) Há muita gente que não.

      Um beijinho,

      Ilídia

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  2. Favas é um dos ingredientes que descobri recentemente mas que gostei logo, este arroz parece bem saboroso e com aquele ovo por cima ... :)
    Beijinhos ...
    Guloso qb

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    Respostas
    1. A fava deve ser o ingrediente menos consensual que conheço. Há quem, como eu, espere ansiosamente a chegada delas e quem não as suporte.

      Beijinhos,

      Ilídia

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  3. Olá Ilídia,

    Eu diria que a receita também é do Norte, tal como as flôres.

    Quando fomos ao Douro, ficamos a saber da existência da casa do Eça de Queirós. Claro que tive que lá ir e foi onde ouvi falar pela primeira vez de arroz de favas. O Eça não gostava de favas mas, passou a gostar por causa desse arroz que provou.

    Eu aprendi a gostar de favas, porque a minha preferência sempre foi pelas ervilhas. Por isso, este arroz parece-me bem.

    Um beijo do Algarve,

    Sandra Martins

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    Respostas
    1. Sim, arroz malandrinho é uma coisa bastante nortenha. Se calhar foi influenciado pelas minhas férias ;)
      Não conheço a história do Eça e das favas, mas imagino que o Eça, como homem de extremo bom gosto, gostasse de favas ;)
      Acho que toda a gente aprende a gostar de favas. Não conheço nenhuma criança que goste delas. O meu filho ainda não as aprecia. Mas prova e não as detesta. E adora tirá-las das "almofadinhas", como chama às vagens. Acredito que quando crescer mais um bocadinho passe a gostar :)

      Um beijo dos Açores,

      Ilídia

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  4. Não sou fã de favas, mas que essas estavam bonitas, oh se estavam.
    http://bloglairdutemps.blogspot.pt/

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    1. Também as acho lindas! E para apreciar a beleza, não é preciso gostar do sabor :)

      Um beijinho,

      Ilídia

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  5. Já tinha saudades dos seus posts. Lindo, este, cheio de Primavera. Gosto muito de favas. Ando há uns tempos a pensar em fazê-las. É o arroz de favas trás sempre a memória do encanto da Cidade e as Serras. Está prometido para esta semana.

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    1. Muito obrigada, Ana, pelas suas palavras.
      Acho que tenho de reler A Cidade e as Serras. Não me recordo do episódio do arroz de favas. Na altura em que o li (no Secundário, altura em que li a obra quase toda, de empreitada) esses pormenores relacionados com comida, a que eu agora daria imensa importância, ter-me-á passado ao lado.
      Muito sucesso para o seu arroz de favas :)

      Um beijinho,

      Ilídia

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  6. Ilídia, é quando Jacinto regressa a Tormes. Sobe à serra e come um magnífico arroz de favas servido por 'uma rija moça de peitos trementes'.
    Acho que o vou reler também :-)
    Um beijinho e uma semana feliz.

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  7. Obrigada pelo esclarecimento, Ana. Tenho de ir reler pelo menos essa parte :)

    Uma semana feliz para si também.

    Beijinho,

    Ilídia

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.