A minha Micas morreu. A nossa Micas. Não há como dizê-lo com eufemismos. A nossa companheira deixou-nos e está a fazer-nos muita falta. Há 11 anos certos, recebemos um tufo de pelo preto e branco, frágil e doce. E fomo-nos afeiçoando àquela amostra de gata. Ela conquistou-nos. Até o meu marido, que nem era pessoa de gatos. Mas era impossível resistir àquele bichinho afetuoso, que procurava os nossos mimos ao serão.
A Micas cresceu. E tornou-se numa gata adulta e elegante, de pelo farto e com manias de felina caseira e delicada. Raramente miava e, quando o fazia, até o miar era suave. Adorava o inverno e a lareira acesa. E tinha especial atração por computadores e pilhas de testes por corrigir. Acompanhou-nos em muitas noites longas de fim de período. O Manel não se lembra de existir sem ela. Quando ele nasceu, a Micas teve ciúmes. Depois de anos a ser a bebé da casa, não gostou de ter de partilhar os afetos. Os ciúmes deram lugar à proteção. O Manel adorava-a. E todos quantos a conheciam. Era uma gata especial, a nossa Micas.
Depois de um ano de doença, de vigilância, com muitas idas ao veterinário, que lhe prolongaram a vida e nos permitiram mais tempo na sua companhia, na passada 5.ª feira, tivemos de tomar uma decisão. E decidimos acabar com o seu sofrimento, antes que este se tornasse insuportável. Acho que foi feliz até ao fim. E agora, continua a viver connosco, nas muitas recordações que temos destes 11 anos. A Micas permanecerá. E tinha de estar aqui uma última vez.
No dia em que fiz este caril, a Micas fez-me companhia, deitada no tapete da cozinha. Já doente, magra e debilitada, mas ainda feliz.
Caril de cogumelos
Ingredientes:
1 cebola, picada
3 dentes de alho, picados
3 colheres de óleo
200 g de cogumelos brancos, cortados em quartos
1 colher de chá de caril em pó
1 maçã reineta
1/2 tomate, cortado em cubos
1/2 chávena de leite de coco
sal e pimenta
coentros
Refogar o óleo, a cebola e o alho. Juntar os cogumelos e o caril. Cozinhar 2 ou 3 minutos. Entretanto, descascar a maçã, cortá-la em cubos e juntá-la aos cogumelos, juntamente com o tomate. Temperar com sal e pimenta e deixar cozinhar mais 2 ou 3 minutos. Juntar o leite de coco e deixar apurar. Polvilhar com coentros picados e servir, com arroz basmati.
Um beijinho
ResponderEliminarObrigada.
EliminarUm beijinho para si também :)
Ilídia
Tenho 2 gatos que são os bebés cá de casa, ao ler o teu post fiquei com a lágrima no olho... Um abraço apertado!
ResponderEliminarQuem tem animais percebe melhor, não é? Ainda há quem ache tolice chorar por gatos. Mas eles são da família. E custa muito perder um membro da família.
EliminarUm abraço,
Ilídia
Olá Ilídia,
ResponderEliminarEu que gosto muito de animais, fiquei muito triste.
Compreendo bem o que diz: que lhe sentem muito a falta.
Faz parte da vida, a perda.
Mas, quem não quer ter para não perder, perde mesmo. Muito.
Porque ficam as boas memórias de 11 anos! E isso é que importa.
Agora é dobrar os mimos aos outros felinos, que eles também sentem a falta da companheira.
E, quem sabe, adoptar outro gatinho?
Um beijinho muito grande do Algarve,
Sandra Martins
Olá, Sandra.
EliminarSabemos que sim, que a perda faz parte da vida. E que a vida deles não pode ser assim tão longa. Mesmo assim, são muitos anos. Foram 11. E a Micas era muito especial. Daqueles animais que marcam. Continuamos a sentir muito a falta dela.
Já adotámos uma gatinha. Não para substituir a Micas, claro (nem seria possível), mas para ajudar a ultrapassar estes dias difíceis. Muito meiga e especial também :) Qualquer dia, apresento-a :)
Um beijo grande, Sandra. E obrigada pelo seu carinho.
Ilídia
Um beijo Ilídia, do coração. Sei bem o que isso é e infelizmente estou a passar pelo mesmo com a minha cadela velhinha, mantendo-a viva e porque não tenho coragem de tomar essa mesma decisão. A minha Mia é muito especial para mim e ainda não consegui interiorizar que vou perdê-la.
ResponderEliminarBeijo. Ana Maciel
Olá, Ana.
EliminarTambém mantivemos a Micas viva enquanto essa vida valeu a pena. Enquanto era uma vida feliz. Quando percebemos que o sofrimento estava a aumentar, tivemos de tomar a decisão. Não é fácil, mas parece-me a mais acertada. Coragem, Ana! Que corra tudo bem.
Um beijo,
Ilídia
Lamento muito a sua perda, sei como isso dói, no entanto ficam as memórias, que são preciosas para quem convive com um animal durante tantos anos.
ResponderEliminarUm beijinho e coragem para os próximos dias.
Manuela
Ficam mesmo as memórias. Esta semana, temos falado muito dela. E recordado as suas histórias e manias. Saber que foi feliz ajuda-nos muito a ultrapassar a sua morte. E agora, com a gatinha bebe que adotámos, estamos a reviver os primeiros tempos da Micas. Um novo ciclo que começa.
EliminarUm beijo,
Ilídia
Tivemos de tomar essa decisão há uns anos, quando a Sushi foi atropelada. Acolhemo-la porque alguém a terá abandonado. Esteve connosco cinco anos. Nesse dia, chorámos a morte da Sushi como se fosse gente. O António nunca a esqueceu. Não vai esquecê-la, que eu sei. Dorme todos os dias com um cão a que deu o nome dela. E nós também não. Acreditas que, depois destes anos, ainda conto que ela venha a saltitar até à porta do carro, quando chego a casa? Sujava-me sempre com as patinhas, com a alegria de me ver chegar.
ResponderEliminarLamento muito a morte da vossa Micas. Essa é uma mágoa que se entende com o coração, mais do que com palavras.
Um abraço muito grande.
Mar
Já me tinhas falado da Sushi. A Micas também foi chorada como se fosse gente. Na quinta-feira, na escola, antes de tomar a decisão, foi-me difícil trabalhar. Cheguei mesmo a chorar na frente de algumas pessoas. Não consegui evitar.
EliminarTenho tantas saudades dela. Tenho tido muitos animais, mas a Micas era mesmo especial. De uma delicadeza e inteligência pouco comuns.
Um abraço. E obrigada :)
Ilídia
Sinto muito a sua perda. Os nossos animais são família. Tenho um cão pequeno já com mais de 9 anos. Está connosco desde as 9 semanas. É como um filho. Um abraço muito sentido.
ResponderEliminarAna Vasconcelos
Muito obrigada, Ana. São mesmo família. Fazem parte da casa e de nós.
EliminarUm abraço para si também.
Ilídia
Fico triste por si, também sei o que é perder um amigo, companheiro para todas as horas. Tive um cão que no meu caso fugiu e nunca mais soube dele e, até hoje, nunca mais nos esquecemos dele e ainda o recordamos várias vezes. Em relação ao caril, está muito apetitoso.
ResponderEliminarConvido-te a fazer-me uma visita em Gulosoqb
Independentemente da forma como nos deixam, dói sempre. Tive cães em criança que ainda hoje recordo e dos quais ainda falamos de vez em quando e recordamos as peripécias. Não todos, mas os que nos marcaram mais. Tal como as pessoas, afeiçoamo-nos mais a uns do que a outros.
EliminarUm beijo,
Ilídia
Ilidia,
ResponderEliminarQue texto tão bonito, até fiquei comovida, o vosso coração deve estar pequenino com a falta de tão especial companhia, mas o tempo atenua a dor e depois fica a saudade.
Obrigada, Sandra. Fica a saudade e ficam as boas recordações.
EliminarUm beijo,
Ilídia
A tua Micas vai sempre viver no vosso coração.
ResponderEliminarSão decisões difíceis. Acredito que ela foi muito feliz convosco durante toda a sua vida.
E bem sei como adoras e como os teus animais fazem parte da família.
As memórias são sempre nossas e vivem para sempre.
Um abraço apertado.
Não tenho dúvidas, Inês. Estamos sempre a falar dela. E o Manel também. Adorava-a. E ela a ele.
EliminarA decisão foi difícil, mas ela morreu enquanto eu lhe acariciava o pelo e fazia festas. E sei que estava feliz por eu estar ali. Custou-me muito, mas sei que fiz o que era certo.
Deve ser duro para ti lidar com isto com frequência.
Um abraço,
Ilídia
A morte é sempre estranha. :(
ResponderEliminarpois :(
EliminarQuando li o feed desta postagem por e-mail, quis comentar imediatamente, mas infelizmente não pude. Hoje estou aqui para dizer que sinto profundamente a perda. Jà tive uma cachorrinha por muitos anos e sei que serão constantes as muitas recordações que terão; às vezes com uma saudade intensa. Que bom que Micas foi feliz! Isso conforta.
ResponderEliminarObrigada, Paula.
EliminarA Micas foi muito feliz. Tem razão. Essa certeza conforta muito.
Um beijo,
Ilídia