domingo, 18 de janeiro de 2015

Os meus lugares

Gosto de fazer as compras nos meus lugares de sempre. Flores, no senhor Moisés, mesmo ao pé da escola. Já me conhece e sabe do que gosto. Para a semana, recebemos tulipas. Tenho ali umas rosas muito bonitas. Requeijão, na Quinta dos Açores, muitas vezes, quando vou almoçar, a meio de um dia de trabalho. Às vezes, trago verduras locais. Outras, bolos lêvedos, para o lanche ou o pequeno-almoço do dia seguinte. Aos sábados de manhã, trago mais, da Bioazórica. A carne vem do Talho de Santa Catarina, também a caminho de casa. Vou lá desde que abriu. Para além da qualidade da carne, somos recebidos com aquela simpatia especial que se encontra nos lugares pequenos e familiares. É frequente, depois do trabalho, parar lá. Compro o que preciso para o jantar daquele dia. Carne, ovos caseiros. Às vezes, até o vinho vem de lá. Troco dois dedos de conversa com o dono e com as funcionárias, que me perguntam pelo menino e pela escola. E eu pergunto pela bebé. E trocamos dicas, de culinária, de filhos e de outras coisas mais. 
Um destes dias, sugeriram-me bifes do acém redondo. De um corte que eu nunca tinha levado e que se revelaram maravilhosos. Temperei-os com esta mistura, comprada noutro lugar especial. Não me recordo se me foi aconselhada pela Ana Bárbara, mas é bem possível. O resultado foi um daqueles jantares de muitos elogios. Não houve fotografias, pois naquele dia tínhamos bilhetes para o cinema e tivemos de nos despachar. 
Já ontem, houve tempo. Os peixes pousados na bancada, lindos e rosados, pediam mesmo uma fotografia. Tirei várias. Uma das coisas de que mais gosto na cozinha é de fotografar a matéria-prima. Principalmente quando é tão linda como estes peixinhos cor-de-rosa, com listras amareladas. Uma festa, quando os vi. E experimentei a dica do Paulo, de outro dos meus lugares especiais: grelhá-los intactos. Gostei muito. Bem suculentos, pois os sucos não se perdem, protegidos pelas escamas. Enquanto grelhavam, fiz um molho de iogurte com um sabor atrevido. Malaguetas secas, coentros e alho, tudo moído no almofariz. A contrastar, o sabor adocicado da batata doce. A rematar isto tudo, um copo de vinho branco. À noite, houve sushi do sítio do costume.







Cozer as batatas doces, em água temperada com sal. Grelhar o peixe com as escamas, sem qualquer tempero. No fim, a pele sairá facilmente, expondo lindos pedaços de peixe bem suculentos. Entretanto, preparar o molho: esmagar, num almofariz, 3 malaguetas secas, algumas folhas de coentros ou salsa, dois dentes de alho. Juntar um iogurte natural, temperar com sal e mexer bem. 




12 comentários:

  1. Gostei tanto deste post, foi como andar contigo às compras! Beijinho e bom resto de Domingo.

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    1. Um beijinho, Ana :) E continuação de bom fim de semana.

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  2. Oi,querida!
    Alguns dias afastada e vejo que muita coisa aconteceu. .. Levei um susto ao ler sobre a ida ao parque e o cão atrás do Manel,ele ficou bem?
    E justamente por causa de um cão,nossa cocker Tati,fiquei tantos dias sem por aqui passar... Ela deu-nos um grande susto ao ficar doente e precisar ser operada às pressas,mas saiu tudo bem e já está em casa, se recuperando.
    Adorei o que li hoje,quase pude ver os teus lugares especiais a medida que narravas...
    Lindo peixe e,com certeza,a refeição soube muito bem!
    Dê beijinhos no Manel e outro para ti,linda semana, Katia.

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    1. Olá, Kátia.

      O episódio com o cão foi apenas um susto. O cão chegou a mordê-lo numa perna, o que o assustou bastante, no entanto, foi uma coisa muito superficial. Acho que, no fundo, o cão queria era brincar. Mas, como era grande e parecia obcecado pelo Manel, foi um momento assustador.
      Fico feliz por saber que a Tati está bem. Perdi a Maia, a minha cocker, em 2014. Morreu de velhice.
      Sim, o peixe soube bem. Grelhado assim fica bem suculento.

      Um beijo,

      Ilídia

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  3. Tambem tenho uma frutaria ao pe de casa e uma padaria que gosto tanto! Nao ha duvida que o comercio tradicional faz toda a digerenca!!! :)
    Beijinhos,
    http://sudelicia.blogspot.pt/

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    1. Toda a diferença mesmo :) Ultimamente, vou ao supermercado só mesmo quando preciso de ingredientes que não encontro no comércio tradicional. Não gosto da confusão e do ambiente impessoal.

      Um beijinho,

      Ilídia

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  4. Também sou assim, gosto de fazer as minhas compras nos sítios do costume e cada um tem a sua cota parte de produtos q prefiro. Q lindos peixes!

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    1. Sabe muito bem, não é? Assim, ir às compras é bem mais divertido ;)

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  5. Olá Ilídia,

    O meu percurso de vida levou-me a começar a trabalhar desde nova. Tive um patrão, de quem gosto muito e que me ensinou muito. Ele dizia sempre que "não se pode ter hábitos".

    Apesar de valorizar muito tudo o que ele me ensinou, essa foi uma lição que não aprendi.

    Também tenho os meus lugares, muitos lugares. Para as compras (o senhor onde compro peixe já conhece o som dos meus passos!), cabeleireiro, para tomar café.

    Onde me sinto bem, fico.

    Também gosto de salmonetes. Já os fiz uma vez com uma receita daqui, com tomate.

    O conselho de não escamar quando é para grelhar também já me foi dado.

    Vou pedir ao Sr. Rui da próxima vez que comprar peixe para não tirar a escama.

    Um beijo do Algarve,

    Sandra Martins

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    1. Olá, Sandra.

      Pois eu gosto das minhas rotinas, dos meus lugares. O que acho importante é que não nos fechemos a novas experiências. No fundo, vou integrando lugares novos nos antigos.
      Sim, lembro-me dessa receita de salmonetes. Estufados. Estes são bem diferentes, mais minimalistas. Experimente. Acho que vai gostar deste peixe a saber apenas a peixe.

      Continuação de um bom fim de semana.

      Um beijo,

      Ilídia

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  6. É inevitável olharmos para nós e para os nossos hábitos, quando adivinhamos os hábitos alheios. Os teus, neste caso. Feitos dos lugares que conheces bem. Uma das premissas, nisto da comida. Creio que precisamos de desenvolver relações de confiança. As pessoas em quem confio, nisto dos hábitos, são assim nessa base. Sabem do que gosto/não gosto. E eu passo, a ir buscar coisas para fazer comida. Claro que é sempre a correr, com o carro mal parado à entrada e tudo o mais:)
    Do que eu gosto mesmo, é de conciliar o previsível e o habitual com a deambulação. Pela margem que deixa, para nos surpreendermos com coisas para as quais não tínhamos olhado com atenção.
    E invejo o facto de teres essa qualidade, nos peixes. A grande limitação, aqui. Em variedade e em qualidade.
    Adoro salmonetes. E gostei dessa dica do teu fornecedor:) Parece-me que resolve a única questão que lamentava, nestes peixes. Ficam sempre com o vermelho rosado e lindo da pele arruinado, depois de cozinhados. Quando voltar a fazer salmonetes, hei-de lembrar-me. Obrigada a ti:)

    Um beijo.

    Mar

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    1. A palavra é mesmo essa: confiança. Saber que a nossa matéria-prima é boa, que nos foi recomendada por quem já nos conhece. E gosto das relações que se vão tecendo. Há sempre tempo para uma troca de palavras, com o carro mal parado e tudo :) Ao fim de semana, há mais tempo. Hoje, já fui a alguns dos meus lugares: à Bioazórica, comprar verduras, e à minha cabeleireira, onde vou há perto de 8 anos.
      Realmente, somos privilegiados em relação ao peixe. E se o comprarmo às pessoas certas, como ao Paulo, conseguimos uma frescura de mar difícil de encontrar.

      Um beijo,

      Ilídia

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.