domingo, 6 de outubro de 2013

Uma sopa fumegante, quase no fim de um ciclo

Aos poucos, o outono instala-se. As árvores ainda mantêm as folhas, que conservam o verde do verão, mas, em pouco tempo, a paleta mudará. Os verdes darão lugar aos amarelos, ocres e castanhos. E as folhas cairão. Uma estação triste, dizem. Percebe-se porquê. Um céu nublado não causa o efeito de um céu azul, salpicado de nuvens brancas e fofas. Um sol que se esconde atrás de uma nuvem cinzenta não traz a felicidade de um sol que se assume num céu limpo. Árvores que se despem anunciam o fim de um ciclo.
No outono, fechamo-nos. Os dias convidam a recolhimento, a mantas pelas pernas, noites de cinema em casa, gatos dengosos, que se enroscam em nós. Os casacos começam a sair dos roupeiros e os collants esgueiram-se das gavetas.  As saladas frescas dão lugar às sopas fumegantes. 
E enquanto uns sonham com o próximo verão, com as férias e longas tardes de praia, outros deleitam-se com as belladonas (ou meninas para a escola, designação dada por cá a estas flores), os ouriços nos castanheiros e as abóboras, que já estão alinhadas, à espera de uma receita que as honre. E consolam-se com uma sopa fumegante, que lhes diz Deixa lá, o outono também tem os seus encantos. E, não tarda nada, estamos na primavera.

Creme de couve-flor e amêndoa
(Adaptada de uma receita da minha amiga Lídia, a melhor fazedora de sopas que conheço :)



Ingredientes:
 2 cebolas grandes, picadas
1 alho francês médio, cortado em rodelas (apenas a parte branca)
4 dentes de alho, picados
1 talo de aipo, picado
1/2 dl de azeite
1 couve-flor média 
3 batatas grandes
água q.b.
1 caldo de galinha (usei knorr natura
sal e pimenta q.b.
1/2 pacote de natas light
amêndoa laminada (cerca de 1/2 chávena) 
 
Preparação:
Fiz um refogado com as cebolas, o aipo, o alho francês, os alhos e o azeite. Adicionei a couve-flor e as batatas e deixei cozinhar, em lume brando. Adicionei o caldo de galinha, cobri os legumes com água e temperei com sal e pimenta. Deixei cozer, em lume brando cerca de 25 minutos. Entretanto, numa frigideira, torrei a amêndoa (atenção, pois queima facilmente!). Reduzi os legumes a puré, adicionei as natas e a amêndoa (reservei alguma para decorar). Deixei a sopa ao lume mais um minuto e apaguei o fogão. 
Deixo-vos uma curta metragem que vi recentemente e que achei que merece ser partilhada. Espero que gostem tanto como eu gostei.

12 comentários:

  1. Angelina, sem querer, apaguei o teu comentário. Desculpa. A receita da Lídia também não leva aipo. Nem alho francês. Foram as duas alterações que fiz. Tanto uma como outra são muito saborosas.
    Até amanhã :)
    Beijinhos,
    Ilídia

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  2. Ó parece tão boa..e quentinha nestes dias que estão a ficar frios e escuros...aquece a alma ! Beijokas

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  3. Querida Ilídia
    Se eu retirar a batata e a amêndoa não vai ser a mesma coisa. Mas na minha "guerra" aos hidratos não faço concessões ;) até porque os resultados animam! Por isso, hoje sai esta sopa, em versão light. Depois te digo se a desvirtuei em demasia.
    Um abraço,
    Guida

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    1. Que persistente ;) Cá em casa, as sopas também não costumam levar batata. Esta foi uma sopa de fim de semana, para um jantar com amigos :) Como ficou a tua versão light?
      Beijos

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  4. Que delícia que deve ser a tua sopa fumegante. Bem no espírito do Outono que se instala nos nossos corpos, nas árvores, nas mantas que nos aconchegam. Gosto muito. Apesar de a minha melancolia ter uma medida definida. Só para dizer que hei-de fazer a tua sopa, Ilídia. Obrigada por partilhares. E adorei o nome das flores. Meninas para a escola, com que então?:)

    Um beijo.

    Mar

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    1. Sim, faz a sopa. Vais gostar :) As flores chamam-se meninas para a escola por aparecerem no princípio de setembro. No entanto, creio que também por crescerem nas bermas das estradas, em grupinhos, como meninas que vão para a escola :)
      Beijos

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  5. O Outono está cheio de encantos!
    Desde as cores na natureza às cores e cheiros nos pratos.
    Adoro! Apesar de sentir que o verão voltou um pouco estes dias.
    Adoro sopa, fumegante, sempre.
    Um beijinho.

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    1. Também gosto muito do outono. É uma estação doce, de meios termos. Nada em demasia, no outono. Temperatura amena, luz suave, tudo q.b.
      Um beijo.

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  6. Ao contrário da maioría o Outono é minha estação favorita. Adoro os dias tranquilos, o recolhimento, as árvores despidas, até o sol por detrás das nuvens...ohhhhhhhh e as sopas. Sim adoro o aconchego de um caldo quente.
    Quanto ao filme...chorei tremendamente...lindo. Já leste o Humberto e a macieira? Fez-me lembrar muito este livro para crianças, um livro magnífico, um dos meus favoritos. Conta também a vida através das estações do Humberto e a sua macieira. Tens de ler...vais gostar. Obrigado pela sopa, pelas palavras e pela curta metragem :)

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    1. Também gosto muito do outono e do recolhimento a ele associado. É tempo de casa, de refeições reconfortantes.
      Também fiquei muito comovida com o filme. Achei-o lindo. Não, nunca li o livro de que fala. Vou procurar adquiri-lo para o Manel (e para mim :). Obrigada pela sugestão.
      Um beijo. E obrigada, eu :)

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  7. obrigada pela sopinha (e pela curta metragem, tocante)
    Bjs

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.