sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Sozinha em casa

Há dias de irritação, em que parecemos ter um filtro cinzento, que torna tudo o que nos rodeia feio e baço. Um estado de neura sem razão para existir, característico do género feminino. Que os homens não me ouçam, mas há que assumir que eles, por norma, não padecem desta espécie de bipolaridade, deste estou tão triste e não sei porquê, deste ninguém me compreende, deste negrume que volta e meia se abate sobre nós.
Em dias assim, faço por estar caladinha. Tento pensar duas vezes antes de falar, pois tendo a arrepender-me mal acabo de proferir uma frase. Impensável ir para a praia em agosto, feriado, num dia destes. Já me estou a ver a deitar olhares reprovadores a criancinhas aos berros (incluindo a minha), a namorados que chapinham alegremente ao meu lado, a grupos de adolescentes felizes e barulhentos. Nestes dias, custa-me aturar-me a mim própria e entendo que não me devo impingir a ninguém. Num dia como o de ontem, pareceu-me sensato deixá-los ir para a praia e ficar em casa, entregue à minha neura. Tens a certeza de que ficas bem? Claro que sim! Sozinha, na cozinha, com uma música daquelas que nos puxam para cima e as mãos cheias de massa e farinha.
Quando chegaram, cheios de areia e de saudades, a mesa estava posta, o jantar estava pronto e havia ciabattas acabadas de sair do forno. E eu estava um bocadinho menos antipática. Felizmente que estes estados são fáceis de resolver: normalmente, uma noite de sono é o suficiente. No outro dia, a mesma vida, as mesmas pessoas, tudo igual, mas o filtro desapareceu e a vida está novamente colorida.
A receita do jantar foi esta: quenelles de peixe, uma especialidade francesa, cuja receita podem consultar no blogue da minha amiga Elvira. Uma receita diferente e saudável, perfeita para quem, como eu, anda a ter cuidado com as calorias que ingere.


9 comentários:

  1. Também já deitei os olhinhos nas quenelles da Elvira!

    E esses dias? Ui, o que vale é que passam depressa :)

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    1. Uma forma muito diferente de comer peixe. Perfeita para crianças, por não ter espinhas.

      Quanto a estes dias, sim, normalmente é mesmo só um :)

      Beijinhos,
      Ilídia

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  2. E eu acho que tu e a tua neura fizeram muito bem:) E ficaram quietinhas em casa. Sabe bem estar sozinha, também. Principalmente quando tudo parece conspirar contra nós. Acho que é uma questão de sensibilidade, esse de vez em quando.
    E vê só o resultado: comida que deve ter sabido mesmo bem. Um jantar fabuloso preparado com nuvens cinzentas em cima da cabeça:) Ainda é mais bonito. Por ser mais difícil fazermos coisas boas quando estamos tristes ou zangados ou desiludidos ou não sei o quê que de vez em quando nos acontece.

    Um beijo.

    Mar

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    1. Com os anos, tenho aprendido a domar estas neuras. E passa muito pelo silêncio. Sei que são passageiras, que no outro dia estarei melhor. E sei que o que disser nestes dias pode causar alguns estragos :) Por isso, recolho-me. E acho que resulta. E fazer comida ajuda quase sempre. E coisas com farinha, mais ainda ;)

      Um beijo,
      Ilídia

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  3. ui esses dias... esses dias são tão, mas tão difíceis de suportar (a eles e a mim... até a mim me custa aguentar-me a mim própria!) ... ainda assim admiro-te, mesmo num dia assim fizeste um belissimo jantar e um lindo post. :) parabéns. beijinho

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    1. Quando fiz o post, já era tarde e sentia-me melhor. O momento pior foi mesmo a tarde, até à hora do jantar :) E a comida ajudou :)

      Beijinho,
      Ilídia

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  4. Fantástico!
    Kiss, Susana
    Nota: Ver o passatempo a decorrer no meu blog:
    http://tertuliadasusy.blogspot.pt/2013/08/5-edicao-escolha-do-ingrediente-e.html

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  5. Fico tão feliz por teres gostado ! :)

    Beiiiiijos graaaaandes.

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.