sábado, 20 de agosto de 2011

Sair

Viajar. Sair da terra. Se para um continental qualquer uma destas expressões sabe bem, para um ilhéu elas têm outro valor. Para quem mora nas ilhas, é importante sair de vez em quando. Por mais que se goste de viver cá. Procurar um bocadinho o desassossego, nem que seja para concluir que não se gostaria de viver no meio dele.
Passámos uma semana no continente. Andámos pelo Norte e houve tempo para dar um saltinho a Espanha. Saímos da Feira, onde moram os pais do meu marido, e rumámos em direção a Caminha, onde nos deliciámos com um almoço numa marisqueira simpática. Salada de búzios, percebes, sapateira recheada e umas ameijoas à Bulhão Pato de comer e chorar por mais. Não estivesse eu a tomar antibiótico, o que me obrigou a acompanhar isto tudo com água, teria sido um almoço perfeito. Já de barriga cheia, encontrámos os nossos amigos S. e P. e apanhámos o ferry para A Guarda. Já atravessei a fronteira algumas vezes, mas, na minha condição de açoriana, para quem sair da ilha tem de ser algo planeado com alguma antecedência, experimento sempre alguma excitação ao verificar a facilidade com que se deixa de estar em Portugal e se passa a estar em Espanha, a ouvir falar algo muito parecido com o português. Já de volta a Portugal, fomos a Moledo, terra da minha amiga S.. Bela terra a tua, minha amiga! Tens razão em estar sempre a gabá-la.

Santa Maria da Feira
























Caminha




Praia de Moledo e insula (vista do monte de Santa Tecla, em castelhano, ou Tegra, em galego) - Segundo a minha amiga S., de 50 em 50 anos, forma-se um istmo, ficando a praia ligada à insula durante 1 mês.


A Guarda


Os dias em que não houve passeios foram passados em família, com churrascos e tardes à beira da piscina.


A maior parte dos passeios foram programados a pensar nas crianças. Assim, houve a visita da praxe ao Portugal dos Pequenitos, com direito a passeio de comboio. Houve ainda passeio de mercantel, na ria de Aveiro, quanto a mim, uma das cidades mais charmosas do país. Gosto de visitar estas cidades nortenhas no mês de agosto, quando fugiu toda a gente para sul. Não há filas muito grandes nem turistas em excesso. Há tempo para apreciar com calma as belíssimas fachadas das casas, as pontes, as mensagens brejeiras inscritas nos moliceiros. No fim, há tempo para saborear uns ovos moles, uma perdição.

Coimbra




Aveiro





O Manuel estava deslumbrado. Mas estava com saudades da sua casa. A mãe também. Saudades do sossego, da nossa vida tranquila, sem filas de trânsito e sem centros comerciais apinhados de gente. Saudades de cozinhar e de comer no jardim. Na bagagem, trouxe figos, gentileza de uma cunhada que conhece a minha paixão por este fruto que nos Açores só aparece lá para setembro.

5 comentários:

  1. LINDO PASSEIO, CONHEÇO APENAS CAMINHA E MOLEDO
    GOSTEI DAS FOTOS.
    BJS

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  2. Que belo passeio Ilídia :) As vossas saudades e as minhas, é que já sinto falta das tuas receitas e histórias. Não sei se iria conseguir viver numa ilha precisamente pelo facto de não ser fácil sair. Quando morei entre vales e montanha, e era no continente, era isso mesmo que me causava alguma claustrofobia, não ter nada de interessante num raio de 200kms, não ter pessoas, carros. Gosto do sossego mas gosto de sentir que se quiser em 10m estou a ver gente, muita gente. Por isso sonho o que muitos não gostam, viver em Lisboa. Beijinhos

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  3. Olá Ilídia! Que passeios encantadores! Quando se nasce ilhéu, nasce-se com um cagarro dentro de nós que voa, conhece mundo, mas sempre volta para o seu ninho.
    Gostei muito das fotos porque revisitei alguns lugares.
    Bom fim de semana.
    Patrícia

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  4. Bem-vinda ao teu lar açoriano!!! Já tinha saudades de ver movimento no teu Blog, ihihihih!!! Bjs, PMT.

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