Tenho um lado bastante saudosista. De coisas que vivi e de coisas que não vivi. E nem sei se será muito normal ter-se saudades de tempos que não vivemos. Mas eu tenho.
Um objeto antigo, uma música tocada numa grafonola (a própria palavra "grafonola" transporta-me logo para o passado), um cheiro (não sei porquê, mas para mim a alfazema tem um cheiro antigo, de outros tempos), certos sabores têm esse efeito em mim. De me transportarem para um passado que sei que não vivi.
Pus-me a pensar sobre isto porque hoje bebi um refresco. E pareceu-me que a própria expressão beber um refresco está um tanto ou quanto fora de moda. Hoje em dia, ninguém combina ir tomar um refresco. Combina-se tomar um copo, tomar um café. Quando muito, tomar um chá. Mas eu hoje tomei um refresco. Um capilé, como as personagens das obras de Eça. E soube-me bem. Sentei-me com eles todos no Martinho e conversámos sobre as novidades chegadas do estrangeiro e sobre o estado do país, não tão diferente do de agora. E tive saudades, não sei bem de quê.
Ilída como eu percebo essa sensação de ter saudades do que não se viveu..., ter saudades não sei bem de quê... de quando em vez também sinto isso.
ResponderEliminarNunca provei capilé, mas calculo que deve ser um óptimo refresco :0)
Na revista blue cooking março/abril vinha um artigo sobre esse Xarope de Capilé e Xarope de Groselha lançados pelo Quiosque de Refrescos. Fiquei logo em pulgas para provar, mas ainda não vi à venda... e agora com este post fiquei ainda com mais vontade de experimentar.
Grande parte dos portugueses sofre precisamente daquilo que Pessoa tanto falava, Saudosismo. Quanto a Eça também penso muito no seu Diletantismo e nos capítulos da falsa burguesia e cada vez mais acho que não evoluímos nada. Só melhoramos em tecnologias, em termos 2 telemóveis e outros apretechos do género, já a atitude e o comportamento deixam muito a desejar. Com o tempo o povo tornou-se egoísta e não altruísta... enfim muito haveria para dizer. Eu tenho saudades de Salazar e nasci depois de 74... beijinhos. É pena não dar para irmos beber um chá, tenho saudades e preciso de umas aulas de português :)
ResponderEliminarNão conheço, esse refresco mas eu gosto muito de tomar um bom refresco...
ResponderEliminarBjs.
Gasosa. É a minha palavra de transporte. Também sou muita apegada a coisas que não vivi, especialmente a Inglaterra de Jane Austen. Manias. Beijinhos
ResponderEliminarAndamos mesmo saudosistas as duas.Eu do concreto. Tu do abstrato.
ResponderEliminarTens de me preparar um refresco de capilé da próxima vez que for ao Cabo da Praia.lol
Make it a promise!
Um beijinho
Patrícia
Gabriela, também li esse artigo na Blue Cooking. Foi através dele que fiquei a saber que tinham voltado a comercializar o produto que eu só conhecia pelas obras de Eça. Comprei-o aqui na Terceira, numa loja gourmet. Sei que há à venda na loja da Catarina Portas (A vida portuguesa), em Lisboa e no Porto e em muitas lojas gourmet.
ResponderEliminar3B's, realmente o povo português continua muito semelhante ao que era no séc. XIX. Evoluímos pouco. Continuamos a olhar para os outros e a achar que o que eles têm é que é bom. Mas, mesmo assim, não gostaria de viver no Estado Novo. Mal por mal, sempre temos liberdade :) Quanto ao chá, quem sabe um dia. Eu gostaria :)
Felismina, eu gostei do sabor. É diferente. Um tanto ou quanto antiquado, se é que é possível este adjetivo para descrever uma bebida.
Denise. Gostei da tua "palavra de transporte". E também gosto da inglaterra campestre e conservadora de Jane Austen. As meninas a correr nos campos e a darem risadinhas quando veem os rapazes.
Patrícia, apesar de ter falado do abstrato, também tenho saudades de situações e pessoas concretas (tantas). Quanto ao capilé, fica prometido. Com uma rodelinha de limão e uma folha de hortelã.
Beijos para todas
Eu bebia tanto capilé qd era criança, até já escrevi sobre a bebida no meu post sobre tarte de amêndoa.
ResponderEliminarGostei imenso do teu texto, e se houver lugar, sento-me tb à vossa mesa.
bjs e bom fim-de-semana
Ana, tenho que ir procurar essa tarte de amêndoa :) Claro que há lugar à nossa mesa. É uma honra :)
ResponderEliminarBeijinhos