quinta-feira, 2 de junho de 2011

Simplesmente pão

Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma vogal,
uma consoante, quase nada.
Mas faz-me falta. Só eu sei
a falta que me faz.
Por isso a procurava com obstinação.
Só ela me podia defender
do frio de janeiro, da estriagem
do verão. Uma sílaba,
Uma única sílaba.
A salvação.

              Eugénio de Andrade


É lindo, não é? Gosto tanto. Não é preciso vocabulário rebuscado para se fazer um poema belíssimo. É tão simples. Basta a sílaba.

E agora, uma receita. Do alimento mais simples: pão.


Pão de centeio e sementes


1 copo* de água
1 colher de sopa de manteiga
1 pitada de sal
2 colheres de sopa de açúcar
4 colheres de sopa de leite em pó
2 copos de farinha de trigo T65
1 copo de farinha de centeio
10 g de fermento de padeiro
1/2 copo de sementes (usei de sésamo, de linhaça e de girassol)

Colocar todos os ingredientes (exceto as sementes) na cuba da máquina pela ordem indicada. Selecionar programa pão integral, tamanho pequeno. Quando soar o sinal sonoro, juntar as sementes.

*Copo de medida da MFP



15 comentários:

  1. Muito bonito e dispõe bem!
    O pãozinho está óptimo, é de mistura como eu gosto.
    Um beijinho.

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  2. Ótima receita. tenha um feliz dia. Um abraço, Marta.

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  3. Eu adoro pão com sementes, mas faço pouco pois os pequenos não apreciam.
    Ficou bem bonito!
    Bjoka
    Rita

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  4. Um lindo poema, e um optimo pão com sementes gosto muito.

    Bjs

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  5. Como me identifico com esse poema, há horas que quero ter palavras, mas elas nao saem! O mesmo digo do teu pãp...sem palavras!

    Beijinhos

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  6. Este pãozinho com manteiga e mel.........mmmmmm....e apesar de ser quase verão, uma chavena de chá de certeza que é de chorar por mais !! Bjo. D.

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  7. Um poema lindo. Em busca do elementar. Nas palavras, a sílaba. Nos alimentos, o pão. É o que eu não consigo dispensar. O pão. Este da Ilídia está muito bonito e fofo!
    Um beijo para a Ilha Verde
    Babette

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  8. Passamos pelas coisas sem as ver,
    gastos, como animais envelhecidos:
    se alguém chama por nós não respondemos,
    se alguém nos pede amor não estremecemos,
    como frutos de sombra sem sabor,
    vamos caindo ao chão, apodrecidos.

    Outro poema de Eugénio do qual também gosto muito:simples,mas com bastante substância no conteúdo.
    Dá também muito que pensar! Há que evitar chegar a esta situação.
    Um beijinho
    Patrícia

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  9. Eu infelizmente ainda não tenho a sorte de ter uma MFP. Mas cá em casa não se compra pão. Faço à mão com as farinhas preparadas para a MFP. Cheira-me que este vai ser amassado em breve.
    Beijinhos

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  10. Obrigada a todas pelos vossos comentários.

    O poema é, realmente, dos meus preferidos de Eugénio de Andrade. Pela (aparente) simplicidade. Pelo trabalho árduo que é a escrita.
    Gosto muito de Eugénio de Andrade. Um dos momentos mais comoventes que guardo das minhas aulas deve-se a Eugénio de Andrade. Há alguns anos, quando dava aulas na Graciosa, levei para a aula o "Poema à mãe", dito pelo próprio. Muitos alunos estavam com lágrimas nos olhos e uma aluna emocionou-se a ponto de ter que sair da sala. É este o poder da poesia.

    Patrícia,
    este que citas também é belíssimo. E tens razão. Temos que evitar "[passar] pelas coisas sem as ver".

    Babette,
    foi precisamente devido a essa busca do elementar que associei este poema a pão. A sílaba associada a o alimento.
    Um beijo

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  11. ESSE PÃO FICOU MESMO AO MEU GOSTO...PERFEITO.
    BJS

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  12. Poema bonito, e esse pãozinho deve estar uma delícia :))
    Beijinho

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  13. Olá Ilídia:

    Não gosto assim muito dos dias que me fazem estar longe de computadores:) Fazem com que a sua ilha fique mais distante. Mas pude vir agora. Já de noite. E encontrei um poema com palavras simples como uma mesa branca. E uma ode ao que há de mais elementar na cozinha: pão. Obrigada por este pedacinho de final de um dia muito longo. Melhor, agora.

    Um beijo com carinho.

    Mar

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  14. O pão perfeito, o poema divinal! Bom fds

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