domingo, 3 de julho de 2016

Domingo

Há momentos em que penso é isto, a felicidade é isto. E, normalmente, concluo que não é preciso muito. Preciso, acima de tudo, das pessoas que me são tudo, de as saber bem, de preferência por perto. E de uma vida simples, que me permita desfrutar das coisas que me fazem bem. O verde e o azul fazem-me bem. De preferência juntos. O recorte verde do Pico do Capitão contra o azul do céu faz-me bem. E os salpicos pretos e brancos das vacas no meio do verde, também. Passo horas a apreciá-los, ora mais juntos, ora mais dispersos, numa paisagem que de monótona não tem nada. Não me canso da vista da minha cozinha. Nunca é igual, aquele quadro bucólico. Mais azul ou mais cinzento. Mais nítido, ou escondido pela neblina. Com ou sem movimento. Mais verde, nos meses de inverno, ou mais seco, lá para agosto. Hoje havia gente, lá em cima. Há uma cache no topo, deviam estar a procurá-la. Lembrei-me de lá ter estado, há mais de três anos. Fui reler o que escrevi na altura. O sentimento mantém-se. Continuo a gostar muito do meu canto.
Ontem, colhi a minha primeira alface. O primeiro fruto do meu trabalho na horta. E isso fez-me bem. O tal orgulho de que não me canso de falar. Provei-a hoje ao jantar. Achei que tinha um sabor especial, talvez por ser minha.
Este dia de sol fez-me bem. Enfrentar a minha aversão a praias ao domingo, também. Chegar a casa e preparar um jantar quase sem fogão fez-me bem. Uma refeição leve, com ingredientes de confiança. Atum fresco do Paulo, a minha alface e pão de centeio do Guarita. Para acompanhar, um guacamole especialmente bom, com abacates bem maduros e saborosos. E comer cá fora fez-me bem. E está a fazer-me bem escrever este texto, iluminada apenas por uma vela e pelas luzes de verão, que voltaram a sair da caixa. 




Tártaro de atum


Ingredientes (para 3 pessoas):
350 g de bifes de atum fresco, limpos
4 colheres de sopa de molho de soja 
2 colheres de sopa de óleo de sésamo
cebolinho e salsa a gosto
sementes de sésamo a gosto
Flores de cebolinho (opcional)

Começar por cortar os bifes de atum em cubos com mais ou menos 1/2 cm (nada de usar picadora!). Numa taça, misturar o peixe com o molho de soja, o óleo de sésamo e as ervas, picadas. 
Tostar ligeiramente as sementes de sésamo e envolver tudo. Levar ao frigorifico até ao momento de servir. Se tivermos flores de cebolinho, fica bonito salpicar o peixe com pétalas no momento de servir.
Acompanhei com pão de centeio torrado, alface e guacamole. Simples, não?









12 comentários:

  1. Felicidade...é isto ♥ Hoje tambem pensei isso , não sei quantas vezes! Somos umas sortudas, vivemos num lugar magico. Your tartar looks beautiful! bjooossss

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    1. Também acho! Somos mesmo sortudas! Mesmo hoje, com o Pico do Capitão encoberto. Também tem o seu charme ;)

      Um beijo para ti,

      Ilídia

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  2. Como diria um amigo meu, temos uma qualidade de vida invejável! E penso exatamente como tu, sem tirar nem pôr! Beijinhos

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    1. Temos mesmo! Faltam-nos alguma coisa, é verdade. Mas a tranquilidade e a beleza das nossas ilhas apaga qualquer outra falha.

      Beijinho,

      Ilídia

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  3. Respostas
    1. Mesmo parecendo cliché, é isto e pronto :)

      Um beijo,

      Ilídia

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  4. A tua primeira alface é tão bonita, Ilídia. Tão bom que a tenhas guardado aqui, bem perto das outras coisas que te fazem feliz.
    O Verão é tão necessário, tão vital. Ontem estava a ouvir pessoas que estavam a dizer coisas más do Verão e lembrei tudo o que é maravilhoso e que não se consegue viver em nenhuma outra estação. Mas o ponto é que de tudo se deve procurar extrair o bom, o grato, o luminoso. O resto aceita-se e faz-se pelo melhor.
    Adoro tártaro de atum, mas só o faço quando estou em Lagos. Aqui só há atum descongelado e é uma lástima só, quando se sabe o que é comer atum assim fresco, muito vermelho. Lá está: aceito que não dá para isso. Mas penso em todas as outras que só aqui no meu sítio:)

    Um beijo.

    Mar

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    1. Fiquei tão orgulhosa daquela alface :) E já há mais, à espera de serem colhidas. E o alho francês engrossa de dia para dia. E os tomateiros e as curgetes estão em flor. Hoje fui colher espinafres e andei a apreciar tudo. A precisar de enxada, novamente. Não vai ser este fim de semana, que a agenda está preenchida. Lá para segunda-feira. Gosto tanto de viver assim! Eu gosto de todas as estações, mas tenho de reconhecer que no verão a felicidade é diferente. Mais livre, talvez.
      Nos Açores temos a sorte de haver muito peixe bom (e eu tenho a sorte de ter um Paulo que me manda SMS a meio do dia a dizer que tem atum, ou lapas, ou outras coisas boas). Mas faltam-nos muitas outras coisas que tens aí, bem perto de ti. Como estradas para Lisboa e para o Porto sempre que apetece. Mas o espírito é esse: pensar nas coisas boas que estão ao nosso alcance. Também penso assim :)

      Um beijo,

      Ilídia

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  5. Obrigada pela partilha. Estava a precisar ler isto: "pensar nas coisas boas que estão ao nosso alcance"

    🌞🌷

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    1. A vida é bem mais fácil se o fizermos :)

      Um beijo para si. E obrigada :)

      Ilídia

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  6. Obrigada pela partilha de um dia feliz. Que bonita alface! Muito gostava de ter uma horta. A mesa estava encantadora, com mais umas das suas flores especiais. Muitos mais Domingis felizes para si e a sua família!

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  7. Ana, muito obrigada. Domingos como este, com refeições no exterior, têm sido uma raridade este verão. O tempo tem estado mau, pouco convidativo a refeições lá fora.
    A Ana não tem uma horta, mas terá muitas outras coisas que não estão ao meu alcance. É assim :)
    Dias felizes para si também e para os seus.

    Um beijo,

    Ilídia

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.