segunda-feira, 27 de junho de 2016

A minha horta. E um gratinado de frango.

Ter uma horta é assumir um compromisso. Tomada a decisão, a opção é só uma: cuidar. Mesmo que as viagens, as festas e os afazeres diários a deixem meia abandonada, ela está lá. E o remorso também. As cenouras, semeadas com tanto carinho, são abafadas pela junça, pelas beldroegas e outras plantas que se encostam a elas, roubando-lhes o precioso alimento. Os tomateiros tombam, com falta de suporte. 
Ando há dias a recuperar os efeitos de dias de descuido. Na verdade, não foi bem descuido. Foi mesmo falta de tempo. Agora, tenho recuperado as horas perdidas. Ando um nadinha obcecada até, diz-me a família. Chego a ficar na terra até anoitecer, até me doerem as costas. Mas sabem-me bem aquelas horas de silêncio. No fim, colho flores, para enfeitar a casa. Já limpa e hidratada, faço o jantar. Ainda não com as coisas da minha terra, mas não há de faltar muito. Parece que ganharam vida, depois dos cuidados dos últimos dias. As alfaces estão redondas. Um dia destes colho a primeira. O alho francês está robusto. Os tomateiros já têm flor. Olho para a minha horta e sinto orgulho.  Podemos fazer muitas coisas importantes. Mas poucas me fazem feliz como pôr uma semente na terra e cuidar dela até que dê fruto. No sentido metafórico e neste, bem literal.
















Este foi o jantar de hoje. Um gratinado bem reconfortante. Dos pratos preferidos do Manel. A receita original, de um livro da Bimby, já foi muito modificada. Substituí o peru pelo frango e eliminei as natas. E ficou boa na mesma, dizem-me os rapazes. Fi-la no tacho, que depois de uma tarde de horta, apeteceu-me mexer nos legumes com as mãos. Deixo as duas versões.


Gratinado de frango
Ingredientes:
150 g de cebola
50 g de cebola de rama (ou spring onions)
2 dentes de alho
2 cenouras médias
1 raminho de salsa
5 colheres de sopa de azeite
150 g de cogumelos frescos (usei portobello)
500 g de bifes de frango (ou peru)
1 colher de sopa de mostarda
sal e pimenta a gosto
300 g de batata palha
150 g de queijo ralado (usei uma mistura de 4 queijos)
600 g de molho béchamel

Para o molho béchamel:
600 g de leite
60 g de farinha de trigo
30 g de manteiga
sal, pimenta e noz moscada a gosto


Preparação tradicional:
Picar a cebola, a cebola de rama, os alhos e a salsa. Ralar a cenoura grosseiramente. Num tacho largo, levar tudo a refogar com o azeite, em lume brando, cerca de 10 minutos. Juntar os bifes, cortados às tiras, a mostarda, o sal e a pimenta e deixar cozinhar mais 10 minutos, com o tacho tapado, mexendo de vez em quando.
Num pirex, colocar a batata palha, deitar o preparado e envolver.
Para preparar o béchamel, derreter a manteiga num tacho. Juntar a farinha e mexer, com uma vara de arames, até esta estar cozida. Misturar o leite, aos poucos, mexendo sempre com a vara de arames, para que não se formem grumos. Temperar com sal, pimenta e noz moscada e continuar a mexer, até obter um creme. 
Deitar o molho por cima do preparado e envolver tudo muito bem. Polvilhar com queijo ralado e levar ao forno a 180 graus durante cerca de 15 minutos para gratinar.

Preparação na Bimby:
Colocar no copo a cebola, a cebola de rama, os alhos, as cenouras, a salsa, o azeite e picar 10 segundos/ velocidade 5. Adicionar os cogumelos e picar 2 segundos/ velocidade 5. De seguida, programar 7 minutos/ 100 graus/ velocidade 1. Juntar os bifes, cortados às tiras, a mostarda, o sal e a pimenta e programar 10 minutos/ 100 graus/ velocidade colher inversa. 
Num pirex, colocar a batata palha, deitar o preparado e envolver. 
Preparar o béchamel, conforme a receita do Livro Base. Deitá-lo por cima do preparado e envolver tudo muito bem. Polvilhar com queijo ralado e levar ao forno a 180 graus durante cerca de 15 minutos para gratinar.






5 comentários:

  1. Como eu gostava de ter um pedaço de terra para fazer acontecer coisas. Tu sabes:) O meu pedaço de terra está tomado por árvores e heras e mais coisas verdes. Mas ando a fazer coisas em vasos aleatórios espalhados pelo jardim e já percebi como é que se evita caracóis que gostam de comer ervas aromáticas:)
    Acho lindo que te dediques e que esperes pelos dias em que desses gestos que cuidam, surjam coisas para servires à tua mesa. À distância, desejo que sim, que aconteça tudo e que vos seja bom de viver.

    Um beijo.

    Mar

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    Respostas
    1. Haja vontade e fazemos coisas acontecer. Como os teus vasos aleatórios espalhados pelo jardim. E não podes tocar naquelas árvores cheias de história :)
      É muito boa esta dedicação à terra. Sabem-me mesmo bem aqueles momentos ao fim do dia. Ontem colhi a primeira alface. Fotografei-a e tudo, de tão orgulhosa que fiquei. Provei-a há pouco, com um tártaro de atum (também o meu primeiro :).
      Dias muito felizes para vocês também. Com todas as coisas boas que o verão significa.

      Um beijo,

      Ilídia

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  2. É tão bom ver a tua horta.
    A minha está fraquinha, devido à falta de tempo. Tenho os tomateiros a crescer, as alfaces e curgetes também e as ervas aromáticas. Pouco mais, ah e a fruta, imensas ameixas por agora!
    É mesmo bom, colocar as mãos na terra e de lá colocar sustento na mesa, acredito que te sintas mesmo bem nesse espaço, faz-nos tão bem.
    E um gratinado desses é delicioso!
    Um beijinho querida.

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    Respostas
    1. A minha horta andou parada dois anos. Muito para fazer, fora de casa. Mas decidi que não, que tinha mesmo de arranjar tempo para ela. E estou muito feliz.
      Fruta, não tenho, infelizmente. As árvores ainda são pequeninas e desenvolvem-se pouco, pois moro numa zona elevada, muito atingida por ventos. Quem me dera uma ameixeira! Gosto tanto de ameixas!

      Um beijo grande para ti,

      Ilídia

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  3. Isso é que é uma horta. A nossa tem 4 m2 apenas, mas também é obsessiva.

    Felicidades.
    As flores estão lindas.

    Mom

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.