domingo, 28 de fevereiro de 2016

Varsóvia

Comecei a minha visita pelo Museu da Revolta de Varsóvia. Vi imagens terríveis, de destruição e de uma crueldade que cremos não ser possível. Mas foi. É. O museu é daqueles que se visita com um nó na garganta do princípio ao fim. À entrada, a frase é de orgulho. E se há povo que pode sentir orgulho na sua força e capacidade de resistir é o polaco. Foi muito sofrimento. De muitas frentes. O olhar das minhas colegas polacas enquanto viam imagens e ouviam relatos também contava a História daquele país, daquele povo. Quase todos os polacos perderam alguém. Quase todos têm uma história trágica na família. E isso marca as pessoas e molda-lhes o caráter.
Creio que começar a visita pelo museu é a melhor forma de conhecer a cidade. Todos ouvimos falar do sofrimento deste povo e da destruição de que a cidade foi alvo. Todavia, eu não tinha noção dos números. Mais de 90% da cidade ficou destruída na Segunda Guerra Mundial. De perto de 1, 5 milhões de habitantes, restaram cerca de mil. Nem todos morreram. Muitos deixaram a cidade. Mesmo assim, os números são avassaladores. E o vídeo em 3D que simula um voo sobre uma Varsóvia destruída, impressionante.
Comecei, pois, a minha visita a Varsóvia com imagens de destruição para, de seguida, passear por uma cidade meticulosamente reconstruída. Dos edifícios originais, pouco restou. Mas os polacos fizeram cópias dos que foram destruídos e ressuscitaram a sua capital.
Varsóvia é uma cidade cheia de vida. Um fervilhar de gorros e cachecóis e luvas, que o dia estava frio. De vez em quando, ouve-se Chopin, mais um motivo de orgulho para os polacos. E, apesar de não tão abundantes como em Cracóvia, são várias as referências a João Paulo II, outro polaco célebre. Depois de cirandarmos pelas ruas, de ouvirmos curiosidades sobre a cidade, os seus habitantes e monumentos, aquecemo-nos na Praça do Mercado da Cidade Velha com um vinho quente, cheio de especiarias, a ver as decorações que, apesar de estarmos em fevereiro, ainda eram de Natal.
Quero voltar a Varsóvia. E da próxima, levo os meus rapazes comigo :)

















Entretanto, vou rever O Pianista, de Roman Polanski. E deixo-vos uma das cenas mais belas e comoventes do filme.


4 comentários:

  1. Varsóvia não é uma geografia fácil. A Polónia toda, parece-me. Há coisas que levam tempo a sair da pele dos sítios e das pessoas. Não só a guerra e todas as consequências da guerra, mas também as sombras da colaboração massiva e especialmente cruel. Há um documentário do Claude Lanzmann que faz um retrato muito nítido do Holocausto e de toda a colaboração (activa e por omissão) que pressupôs. Chama-se Shoah e leva tempo a ver. Mas é como uma viagem: não ficas a mesma.

    Hei-de ir à Polónia com o meu filho, daqui a um ou dois anos. É uma viagem necessária e que tenho adiado, à espera que ele cresça mais um bocadinho.

    Um beijo de boa semana.

    Mar

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    Respostas
    1. A Polónia não é fácil. Mas o curioso é que, no fim, ficamos com a ideia de que não é um país pesado. Apesar da História estar muito presente (eles fazem questão disso), saímos com uma sensação leve e boa. Não sei explicar bem. Mas senti isso. Mesmo em Varsóvia. Também quero voltar. E com eles. Por várias razões.
      Vou ver o documentário. Já o procurei no Youtube. Obrigada!

      Um beijo para ti,

      Ilídia

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  2. Belas fotos de lugares com uma história densa.

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    Respostas
    1. Um país muito especial. E pessoas muito especiais.

      Um beijo,

      Ilídia

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