quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Acre e Doce

O regresso às aulas tem sempre um sabor acre e doce. Acre porque acabaram os dias sem horas marcadas e tardes de praia prolongadas. Doce porque recomeçou a azáfama de que tanto gosto. Acre no momento de levar o Manel ao colégio, depois de mais de um mês em casa. Doce no momento de o ir buscar, quando o ouço a falar do seu dia divertido e das brincadeiras com os amigos. Doce quando revejo colegas de quem gosto muito, em reencontros que sabem a regressos a casa. Acre quando noto ausências. Colegas que ficaram noutras escolas, muitos deles contrariados. E, pior, colegas que não ficaram em escola nenhuma. Que esperam, angustiados, uma vaga. Muitos deles, bons profissionais, dedicados. Daqueles que se dão. E que agora esperam que alguém se lembre deles. No Facebook, um colega, com um bebé ao colo, propõe uma permuta, para não ter de se separar do filho. Outro, lamenta deixar a mulher, também professora. Mas acrescenta, como se tivesse vergonha de se lamentar, Mas não me posso queixar, tenho um trabalho. Foi a isto que chegámos. Agradecemos um trabalho que nos dá pão e que nos torna infelizes por estarmos longe de quem amamos. Pensando bem, nos dias que correm, o início do ano letivo é mais acre que doce.

E agora, uma receita muito saborosa, a contrastar com a amargura do meu texto de hoje. Uns hambúrgueres muito saborosos, que se fazem num abrir e fechar de olhos. 
Deixo-vos a foto. A receita está no Receitas ao Desafio.

Ingredientes para quatro unidades:
- 400 g de lombos ou de filetes de salmão, sem pele nem espinhas
- 2 colheres (sopa) de alcaparras picadas
- 1 limão
(raspa e sumo)
- 1 raminho de rama de endro (ou funcho)
- 1 clara de ovo batida
- 2 colheres (sopa) de amido de milho
(Maizena)
- sal & pimenta moída no momento
- 2 colheres (sopa) de mostarda de Dijon
- 2 colheres (sopa) de maionese
- 4 folhas grandes de alface, cortadas em juliana
- 4 pães para hambúrgueres com sésamo
- azeite q.b.

Preparação:

Bater a mostarda com a maionese e 1/3 do endro, previamente picado. Reservar.

Picar o salmão à mão com o auxílio de uma faca bem afiada e colocá-lo numa tigela.

Juntar as alcaparras picadas, o endro restante, a raspa e o sumo de limão, a clara batida e o amido de milho. Temperar com sal e pimenta. Misturar muito bem com um garfo.

Dividir o preparado em quatro porções. Formar uma bola com cada porção, enrolando entre as palmas das mãos. Achatar as bolas com a palma da mão ou uma espátula, moldando em forma de hambúrgueres.

Untar uma frigideira anti-aderente com azeite. Grelhar os hambúrgueres por 2-3 minutos de cada lado.

Entretanto, abrir os pães e levá-los a torrar muito ligeiramente debaixo do grelhador do forno. Retirar os pães do forno.

Distribuir a alface pela parte inferior dos pães. Sobre esta, colocar os hambúrgueres. Adicionar 1 colher (sopa) de molho de mostarda sobre cada hambúrguer e fechar os pães. Servir de imediato.
Acompanhámos com batatas fritas na Actifry.


7 comentários:

  1. Absolutamente divinos e magníficos estes hamburgeres!!
    Beijinhos grandes e bom fim de semana,
    Lia.

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    1. São deliciosos, Lia. As alcaparras e o endro dão-lhes um sabor mesmo especial. Experimenta.

      Continuação de bom domingo,
      Ilídia

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  2. A situação actual dos professores é realmente preocupante. O mais grave é que se arrasta há anos e parece uma luta sem fim, em que diferentes lado se opõem por objectivos distintos: no meio ficam os professores com as vidas destruídas e sofre a educação dos alunos..

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    1. Vidas destruídas, mesmo. Uma vida nómada como a que muitos de nós vive não é vida. Chegar ao fim de agosto sem saber se se conseguirá trabalho ou onde é de uma angústia enorme. Já senti isso na pele, no início da carreira. No entanto, o que está a acontecer é muito pior. São pessoas que achavam que não tinham de se preocupar e para quem tudo mudou. Nos Açores, este ano, as coisas pioraram muito. É mesmo dramático.

      Um beijo,
      Ilídia

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  3. Olá Ilídia:

    Estivemos a falar sobre estes dramas, no sábado. Mesmo essa a palavra: drama. Por esta altura, faz-se esta contagem angustiante: quem fica, quem foi, quem não tem emprego, nem perspectivas disso. É deste género de coisas que falamos, quando falamos de professores. Creio que não se tem noção das implicações disto, no todo. Há um problema óbvio em termos de números. Uma verdade. Há muitos professores. Demasiados, para as necessidades. Mas a culpa está acima. Demasiadas universidades e demasiadas instituições híbridas a formar professores para além das necessidades. Deu nisto. Fiz o meu curso a preparar-me para a precariedade. A não esperar sequer poder dar aulas. A minha realidade era essa e pronto. Tenho tido sorte. E tenho trabalhado muito para ter sorte, também. Mas numa escola privada as coisas são mais a doer. Tens de dar provas todos os dias.
    Fizeste bem em escrever este texto. Os nossos dias também são feitos de amarguras, não é? Não se conta histórias.

    Um beijo grande de boa semana.

    Mar

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    Respostas
    1. Olá, Mar
      Quando fiz o meu curso, uns quatro anos antes de ti, as coisas ainda não estavam assim. O drama começou no meu ano de estágio. Pelo menos nos Açores. Nos anos seguintes, acentuou-se. No entanto, nunca como agora foi tão evidente. Esse número excessivo de professores associado às políticas de poupança deram nisto. Neste drama, como dizes. Para nós, que todos os anos conhecemos colegas que ficaram desempregados, estes números são rostos. Rostos com contas para pagar, filhos para alimentar. Não há como ficar indiferente a esta situação. E o pior é que há poucas alternativas, no contexto atual.

      Um beijo grande para ti também,
      Ilídia

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  4. espero que o teu regresso às aulas tenha sido muito especial
    Beijinho

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.