terça-feira, 16 de abril de 2013

Metamorfose

Nunca fui muito ligada à natureza. Nunca gostei de acampamentos, nem de piqueniques, nem de caminhadas por caminhos tortuosos. Tal como nunca gostei de mexer na terra e correr o risco de um encontro desagradável com uma lagartixa, uma minhoca ou um caracol. Sempre preferi dormir numa cama, comer a uma mesa e caminhar em terreno plano e planificado por alguém que não Deus. Apesar de ter sido criada no campo, sempre tive hábitos mais citadinos do que rurais. Por isso, estou espantada comigo. Dou por mim com as mãos na terra, a lutar arduamente para colher cenouras que às vezes parecem recusar abandonar o ninho.
Também nunca fui grande desportista. Nem grande nem pequena. Nunca gostei de desporto. Nem de ginásio. O momento preferido sempre foi o de acabar o treino e dirigir-me ao balneário, com a sensação de dever cumprido. Por isso, espanto-me com este meu novo eu.
Este fim de semana, contrariei o meu lado preguiçoso e juntei-me a uns amigos, entendidos em geocaching. Ténis, agasalhos, que a primavera ainda não chegou cá, GPS, farnel para aconchegar o estômago depois de encontrarmos o tesouro, e lá fomos nós. Criançada barulhenta e feliz. Adultos curiosos, a seguir obedientemente as ordens do mestre Nelson, especialista nestas coisas. Paisagens verdes a perder de vista, que desconhecíamos. 

Pisos alcatifados de vegetação e muito, muito traiçoeiros, propícios a quedas aparatosas, principalmente por parte de pessoas a elas atreitas, como é o caso desta que escreve estas mal traçadas linhas.


Caminhos ladeados por árvores altas, cruzados por pequenos ribeiros, que nos obrigavam a molhar os pés. Estamos numa floresta!, gritava o Manel, feliz, ao lado do seu amigo Lourenço. Por momentos, terá julgado ser personagem de uma das histórias que lhe costumo contar todas as noites. Deve ter ficado desiludido por não termos encontrado nenhum dragão ou duende ou fada. 
No topo, depois de uma subida a pique, um ar muito puro e uma vista muito bela. Daquelas que nos fazem ter noção da nossa pequenez. 

 E o tesouro, que tive a honra de encontrar (com ajuda, confesso :).



No fim, depois do percurso no sentido inverso, o piquenique. O frio não nos demoveu. Umas mantas pelas costas e ficámos prontos  para passar um bom bocado, entre conversas e petiscos saborosos, a comentar as peripécias da tarde e a programar a próxima caça ao tesouro.

Estes brownies de chocolate e beterraba não foram feitos para este piquenique. Na verdade, foram feitos antes da Páscoa, para uma tarde de cinema em casa de outros amigos. Estavam aqui, por publicar, e parecem-me bem adequados a um piquenique como o do passado domingo. Deixo-vos as fotos e podem encontrar a receita no Receitas ao Desafio.

 


10 comentários:

  1. Tens de repetir este tipo de iniciativas
    Vais ver que vais a ficar fâ, muito mais fã
    beijinhos
    e
    um abracinho ao spidercinho

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  2. Que fotos maravilhosas! Tanto da natureza como desses brownies!
    beijinhos
    http://sudelicia.blogspot.pt

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  3. Fiquei maravilhada com as fotos e as paisagens - ainda que não tenha conseguido perceber bem qual foi o tesouro.
    A verdade é que mudamos ao longo da vida e, num momento, damos por nós a gostar daquilo que nunca gostámos :)
    E esses brownies... o que dizer?!?! Lindos e certamente deliciosos :D
    Beijinhos

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    Respostas
    1. Olá, Su
      Na verdade, o tesouro é apenas simbólico. Trata-se de uma caixinha com um caderninho, onde apontamos o nosso nome, a data, e onde podemos deixar uma impressão sobre o local. Há uma lembrança sem valor que podemos levar, mas as regras ditam que devemos deixar lá outra em troca. O tesouro é só o pretexto para uma aventura :)
      Beijinhos

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  4. Querida Ilídia
    Como eu te entendo! Também eu fico espantada com o apelo da natureza, um pouco tardio :)
    A tua sugestão é apetecível. Também costumo fazer um bolo de chocolate com a beterraba e muffins. Mas quem não quer um brownie?
    Um abraço
    Guida

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  5. Que programa delicioso. Tenho amigos que também são adeptos do geocaching. Qualquer dia tenho que experimentar :)

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  6. Ora que belo passeio, gostei do teu texto e das imagens e ora bem sem esquecer a receita! beijos e boas caminhadas

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  7. Eu por acaso sempre gostei de aventuras na Natureza :)
    Como cresci no campo, rodeada de pinhais, passeios de bicicleta até à praia, adoro.
    E esses brownies também chamam por mim :)
    Um beijinho.

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  8. Revi-me na descrição de menina da cidade... Tb não era muito adepta da vida ao ar livre. Estou a mudar um pouco graças aos meus piratas. Mas campismo nunca!...
    Babette

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  9. Senti tanta falta da Primavera por causa destes passeios. Por cá também se faz geocaching, mas o tempo tem obrigado a pausa forçada :P Os brownies é que têm um aspeto divinal!
    Beijinhos

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