sexta-feira, 15 de março de 2013

Depois da tempestade

Entre os meus alunos, não há desalojados. Ninguém perdeu casas, nem outros bens importantes. No entanto, muitos faltaram hoje às aulas. Os que apareceram na escola traziam muitas histórias para contar. Muitos desabafos da noite de horror que viveram. Fotografias e vídeos nos telemóveis que mostram bem os momentos difíceis por que passaram.
No Porto Judeu, continuam as operações de limpeza das ruas e das casas. Alimentam-se os desalojados. As pessoas unem-se e mostram que naquela freguesia quando acontece ao nosso amigo é como se nos acontecesse a nós. Pelo que já conheço das pessoas desta localidade, genuinidade e altruísmo são as suas principais características. Pessoas simples que dão valor à amizade e que ainda preservam valores que às vezes já rareiam em meios mais urbanos, em que é cada um por si. Quando gostam, dão-se. Quando não, não fingem. Quem merece a sua amizade, tem-na, aconteça o que acontecer. Quem, pelo contrário, a trair, é para riscar. Já tinha esta ideia e cada vez mais a confirmo, através dos meus alunos. Não há máscaras, o riso pela frente e a punhalada por trás, o politicamente correto, a farpinha elegantemente disfarçada. É para dizer, diz-se diretamente, sem medos ou hipocrisias. Só haverá boas pessoas no Porto Judeu? Não, certamente. Haverá problemas sociais? Sem dúvida. Mas parece-me que, no geral, há uma transparência e generosidade que se estão a perder em muitos sítios mais urbanos e que ainda resistem por aquelas bandas.


                                                                                                                           Fotografia de António Araújo

Cá na ilha, já começaram as campanhas de solidariedade. Aqui estão as últimas informações de que tenho conhecimento:

Locais onde é possível entregar doações para as pessoas que ficaram sem os seus bens, na ilha Terceira:

- Através da Cruz Vermelha de Angra do Heroísmo (295 212 669).

- Entregando directamente na Igreja de Porto Judeu.

- Capela Americana da Base, das 09 h às 17:30 h (para quem tem acesso à Base ou conhece alguém que trabalhe lá e que possa entregar as coisas).

Relembramos que devem ser bens essenciais, tais como roupas e produtos de higiene, cobertores, comidas enlatadas ou que não se estraguem facilmente. 


Vamos ser solidários!

9 comentários:

  1. Lembrei-me tanto de vocês ontem :(
    Ainda bem que não houve nada de pior.

    Um abracinho!

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  2. 3espero que tudo esteja mais calmo, daqui a minha solidariedade virtual
    Beijinho para vocês

    ResponderEliminar
  3. Bom dia Ilidia,

    Espero que o fim - de - semana tenha corrido bem!

    Como não encontrei nenhum endereço de e-mail, utilizo a caixa de comentários.

    Eu vivo no Continente mas, quero ajudar!

    Queria fazer uma transferência bancária.

    Será possível fornecer-me um NIB?

    Ou outro contacto onde possamos "entendermo-nos" melhor?

    Obrigada pela atenção.

    Sandra Martins

    ResponderEliminar
  4. Olá, Sandra.
    Antes de mais, muito obrigada pela sua generosidade. Em relação ao nib, acabei de falar com uma pessoa daquela freguesia que me disse que ainda não há conta aberta. Neste momento, estão apenas a receber donativos materiais. Estive lá ontem e dá gosto ver a solidariedade das pessoas. As ruas estão limpas e já há imensa comida, roupa, eletrodomésticos, etc. De qualquer maneira, sugeri que criassem uma conta para que pessoas como a Sandra, que não são de cá, possam contribuir. Pode escrever-me para acreedoce.ilidia@gmail.com e deixar o seu email. Mal tenha conhecimento de alguma conta, entro em contacto consigo.
    Um beijinho e, mais uma vez, muito obrigada.
    Ilídia

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  5. Olá, Sandra. Acabei de receber uma informação com o nib da conta, recém-aberta: N.I.B. 0045.8065.01511116001.77

    Mais uma vez, obrigada :)
    Ilídia

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  6. Bom dia Ilidia,

    Muito obrigada!

    Vou anotar ambas as informações.

    O e-mail porque, por vezes, há assuntos que não são para estarem expostos aqui, e o NIB para poder contribuir, de alguma forma, para minimizar as necessidades de quem neste momento tanto precisa.

    Quanto ao que diz da solidariedade, não me surpreende.

    Já estive nos Açores e numa fase menos boa da minha/nossa (o meu marido incluido, afectava os dois) vida.

    Aprendi bastante com o espirito dos Açorianos!

    É pena não ser contagioso, não haver um que espirre e espalhe esse espirito!

    Um beijinho e muito obrigada, mais uma vez.

    Sandra Martins

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    Respostas
    1. Sandra, creio que terá a ver com o facto de morarmos numa terra pequena, em que quase toda a gente se conhece. No Porto Judeu, principalmente, ainda existe muito o espírito de vizinhança, que se está a perder em muitas outras localidades (incluindo a minha). Por outro lado, estamos habituados a lidar com catástrofes naturais e unimo-nos para tentar minimizar os estragos (uma das minhas memórias mais antigas é a casa dos meus pais cheia de vizinhos aquando do sismo de 1980, que destruiu grande parte da ilha).

      Muito obrigada, Sandra. Por tudo.

      Um beijinho,
      Ilídia

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    2. Olá Ilidia!

      Esse sismo e a destruição que provocou foi das coisas que mais me impressionou quando visitamos a Terceira!

      Parece que me leu o pensamento!

      Também concordo que o facto de saber que se pode perder tudo num piscar de olhos, ajuda a encarar as dificuldades de outra maneira.

      Um beijinho,

      Sandra



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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.