segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Apanhar ervilhas é fixe!

Cada vez mais dou valor a quem trabalha a terra. Pelo menos a quem trabalha a terra de forma natural. Não a quem a encharca de químicos que fazem as plantas sair da terra com uma rapidez que é tudo menos natural. Admiro quem respeita a natureza e deixa que ela siga o seu curso, vigiando amorosamente aquilo que semeou ou plantou. 
Nem sempre valorizei a terra como agora, admito. Cresci num meio rural, rodeada de agricultores de mãos calejadas pela enxada e não os admirava como mereciam. Apenas o saber erudito merecia a minha admiração. Mas cada vez mais valorizo este saber ancestral, que não se aprende nos livros. E cada vez mais gosto de aprender sobre o assunto. Sobre as luas, as épocas de cultivo de cada espécie, a rotação de culturas e outras coisas que antes me eram completamente indiferentes. As minhas idas, durante anos, à Biofontinhas, e o convívio com o Avelino contribuíram muito para esta minha mudança. E não é uma coisa passageira, uma moda, como já me disseram. É certo que cada vez mais estão na moda as hortas caseiras, mas, pelo que tenho visto, quem a elas se dedica fá-lo por gosto, e não porque fica bem. Haverá exceções, é certo, mais a maioria fá-lo-á porque se sente bem a cultivar o que come. 

A contrariar a natureza, apenas a minha falta de paciência. A minha sorte é que vivo numa ilha com temperaturas amenas e vou conseguindo levar a minha avante. Meti na cabeça que havia de semear cenouras e ervilhas tortas fora de tempo. E ninguém achava que nascessem. Muito menos que crescessem. Mas aqui estão os primeiros exemplares. Dentro de quinze dias, três semanas, as cenouras atingirão um tamanho razoável. Estes exemplares são fruto de um desbaste que fiz, ontem à tarde. As ervilhas tortas foram colhidas, com a ajuda do Manel, que se vai habituando a estas tarefas e até me disse que apanhar ervilhas é fixe.

Este foi o meu jantar de ontem. Digo "meu" porque para os meus rapazes, a ementa foi outra. Fiz-lhes uma massa, e assim ficámos todos felizes.
Com o que encontrei na horta fiz estes ovos verdes e uma salada de legumes a vapor.
Omelete verde
(para uma pessoa)
1 folha de acelga (a parte verde)
2 cebolas de rama (com a parte verde)
1 raminho de coentros
1/2 queijo mozzarella de búfala
2 ovos (usei caseiros :)
flor de sal e pimenta q.b.

Piquei a acelga (como se fosse para caldo verde) e a cebola de rama. Reservei.
Bati os ovos com a acelga, a cebola de rama e o queijo, esfarelado, e temperei-os com flor de sal e pimenta. Tapei e deixei cozinhar, em lume brando. Quando a parte de baixo me pareceu cozida, deixei escorregar a omelete para um prato e virei-a para a frigideira, para cozinhar o outro lado. Servi com salada de legumes a vapor.

Salada de legumes a vapor

8 cenouras bebés 
150 g de courgette
100 g de ervilhas tortas
100 g de romanesco
1 tomate

Para o molho:
1/4 chávena de azeite
3 colheres (de sopa) de vinagre balsâmico
1 colher (de sopa) de mostarda à antiga
1 colher de chá de pimenta rosa em grão

Lavei as cenouras e aparei-as. Cortei as extremidades à courgette e cortei-a em quartos, no sentido longitudinal. Aparei e tirei o fio às ervilhas. Coloquei os vegetais assim preparados na varoma e deixei-os cozer durante 20 minutos (pode usar-se um recipiente próprio para cozer a vapor). Arrefeci-os em água corrente, para parar a cozedura, e pu-los numa saladeira. Preparei o molho: num frasco, coloquei todos os ingredientes, agitei e verti o molho sobre a salada. Esperei uma hora antes de servir. Entretanto, dediquei-me à massa deles: uma massa com atum e muitos legumes, que restou para nosso o almoço de hoje.


6 comentários:

  1. Gostei muito da tua refeição, totalmente a meu gosto!

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  2. A terra sempre nos deu tudo mas por questão de facilidade habituamos nos a ter tudo mais à mão sem esforço nos supermercados e afins. Agora voltamos a dar mais importância á produção natural e o que nos dava tanto trabalho passou a ser feito por gosto. O biológico passou a moda e ainda bem pois passamos também a dar valor á gente que trabalha no campo e que assim ganha mais um pouco vendendo directamente ao consumidor.
    Essa tua refeição para além de fixe, é 100% homemade, mais saudável e com custo diminuto.Pequenos prazeres...
    Bjoka
    Rita

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  3. Que rico todo con productos recien cojidos en la huerta, besos

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  4. Também já ouvi isso da moda passageira. Foi o que me disseram quando comecei a minha horta na varanda. Claro que estou limitada àquilo que posso plantar, mas aromáticas não me faltam todo o ano e já estou de olho nas pastinagas que plantei (se correr mais ou menos para o ano volto a repetir, com cenouras também). Mas sim, quem o faz é mesmo por gosto e porque sabe bem abrir as portadas para a varanda e fazer o jantar com coisas acabadas de colher. É que sabe mesmo bem!
    Desde miúda que gostava do campo e da agricultura mas, sendo eu menina da cidade, penso que a ideia que tenho é bastante romântica, ao contrário da vida real que não é nada fácil para quem vive da terra respeitado todas as leis da natureza :)

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  5. Tudo o que vem da terra e é nosso tem um gosto mais especial.
    Desde pequena que ajudava os meus avós (ou pensava que ajudava), adorava levantar-me às 5h da manhã e ir ver regar a horta, tratar do quintal. Ainda hoje há um gosto por tudo que se relaciona com a terra, o nosso sustento.
    Mas não é vida fácil! Mas depois sabe tão bem comer o que vem de lá.
    Uma refeição assim como a tua, cheia de cor, sabor e saudável. Adoro.
    Beijinhos.

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  6. Hmm lindo Adorei tudo, um beijo e bom fim de semana

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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.