sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Bolo meia-idade, um bolo refinado


Parece que o nome original deste bolo era Bolo Idade Média. Porém, o meu colega Mário, ao dar-me a receita, confidenciou-me: Alterei o nome. Sim, porque este bolo é tão bom como a meia-idadeLuxuoso e requintado como só o conseguimos ser quando atingimos esta fase. Uma explicação poética, muito ao estilo do Mário :) É, realmente, um bolo belíssimo. Um bolo de inverno, com uma textura e aroma ricos, que lhe dão um toque de doce conventual. Fi-lo no Natal e partilho-o convosco hoje, Dia de Reis.
Quanto a mim, fico à espera do requinte da meia idade :)


Apresento-vos a receita, tal como o Mário ma deu:

                 Ingredientes e modo de fazer:
                 3 Ovos
                 2 Copos de açúcar
                 ½ copo de óleo

Ø  Bate-se muito bem as três gemas com o açúcar e o óleo.

2 Copos de farinha
1 Colher de chá de canela
2 Colheres de chá de bicarbonato
1 Colher de chá de sal
    Ø  Torna-se a bater muito bem.

    2 Copos de cenoura crua raspada e passada pelo triturador
    1 Copo de ananás moído na mesma máquina
    1 Copo de nozes tratado da mesma maneira
    1 Copo de coco ralado

    Ø  Batem-se as claras em castelo e juntam-se estes ingredientes e as claras batidas ao resto da massa.
    Ø  Vai ao forno brando em forma untada e polvilhada de farinha.

    CALDA:
    1 Copo de açúcar
    ½ Copo de leite
    ½ Copo de manteiga derretida
    1 Colher de sopa de mel
    ½ Colher de chá de bicarbonato
    1 Colher e meia de açúcar baunilhado

    Ø  Vai tudo a ferver. Depois põe-se por cima do bolo ainda morno, no qual se fizeram furinhos com um garfo, de modo à calda entranhar. 

         Nota (minha): Para ficar bem húmido, sugiro que injetem a calda no bolo com uma seringa. Tenho feito assim e tem resultado muito bem.



         Estas férias, andei a reler textos do Mário. Lembram-se deste post? Era ele o colega   escritor do frasquinho de doce :)
           Deixo-vos só um cheirinho de um dos textos que li.

           " Esperei muitos anos até poder assistir a esta missa. Uma missa à meia-noite era, para mim, um mistério semelhante ao dos contos de fadas (devo confessar que permanece a ser, duma certa maneira; há um mesmo género de magia). Nem sequer sabia a que horas era a meia-noite. Todas as vezes demonstrava o desejo de participar dela e todas as vezes a mãe me prometia que me acordava a tempo, sem nunca ter cumprido a promessa, o que desenvolvia ainda mais a vontade. Mas o dia vinte e quatro era repleto de emoções, causadas pela construção do presépio e da árvore de natal. Pelas dez horas, se tanto, já estava aninhado na mesa, lutando sem esperanças contra o sono, o fascínio da novidade que seria a missa do Galo a provocar a contenda. Era então que a mãe dizia:
          - Vai descansar um bocadinho, que a mãe acorda-te antes de sairmos.
         - Não - replicava prontamente: - A mãe disse o mesmo o ano passado e acabei por ficar em casa.
          Mas a exaustão causada pela felicidade é irresistível e enquanto não tive idade para resistir, a mãe atraiçoou-me sempre.
          O nome "Missa do Galo"não era factor de pouca monta. Missa do Galo! Haveria um galo? Que papel representaria o galo? Seria a fingir, como aquele que o pai punha por cima da gruta? E, para cúmulo, as da tia Carmelo vinham todas e riam-se muito quando entravam no escuro gélido da noite, como se fosse acontecer algo de insondável. Da cama, apercebia-me do entusiasmo, mas os membros não reagiam e, para dizer a verdade, confundia tudo aquilo com um sonho. O pai ficava a terminar o presépio. "Olha pelo rapaz."

                                                                              Mário Cabral, Histórias de uma Terra Cristã

    13 comentários:

    1. Gosto qdo não tenho de tirar a balança para pesar. Este facto tem uma peso acentuado na minha pontuação (acho que vou guardar a receita di teu cikega,
      Bjs

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    2. Sabes, tenho esta receita guardada desde que ta pedi e nunca fiz o bolo. O que tenho andado a perder! Apreciei muito a materialização da receita e como também conheço o Mário tenho a facilidade de sentir cada detalhe do seu único modo de ser.

      Obs. Só de pensar que outro dia quase o atropelei. Ele ia tão distraído com os seus pensamentos, como sempre, que ao atravessar a rua nem viu o carro. Ainda bem que parei a tempo. Mas registo o olhar de surpresa ameaçadora que me lançou de relance, nem se apercebendo que era eu.
      Um beijinho e bom fim de semana! (que seja de descanso)
      Patrícia

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    3. Este bolo é perfeito Ilídia! Tenho uma receita bastante parecida, dada também por uma colega de trabalho, só muda a quantidade de ovos (acho). De resto leva todos esses ingredientes enriquecedores. Até já o fiz e tenho as fotografias, mas tenho-me esquecido de o mostrar. Um bolo delicioso a meu ver :)
      Um beijinho.

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    4. O tal famoso bolo que tanto me falaste! Gostei imenso da textura e cor. Húmido como eu gosto e com esses ingredientes só pode ser algo de subnatural.
      Depois de ler essa pequena amostra do livro dele fiquei com vontade de ler mais... vou pesquisar!

      Beijinhos e bom fim de semana.

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    5. Ilidia, este bolo é tudo de bom... vou levar a receitinha comigo o guloso do meu namorido vai adorar...

      Beijocas

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    6. Uma bela história e um bolo maravilhoso. Colegas assim é o que todos nós precisamos :)

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    7. É o meu bolo favorito! E tu é que me deste a receita...
      Obrigada aos dois ;)
      Bj.
      Maria

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    8. Mané, realmente, apesar de levar muitos ingredientes, é um bolo muito fácil de fazer. E sim, o facto de não ter de se usar balança facilita muito.

      Patrícia, tens de fazer este bolo. É mesmo muito bom. Dos melhores que já comi até hoje. Desde que tenho esta receita, é o meu bolo de Natal.
      Imagino o episódio do quase atropelamento e a cara do Mário:) Ainda bem que foi só quase:)
      E sim, o fim de semana está a ser de descanso. Daqueles bons, caseiros, como eu gosto :)

      Ginja, partilha também o teu. Esta receita merece mesmo ser partilhada e conhecida por todos. É mesmo uma delícia.

      Susana, se quiseres, posso emprestar-te o livro. Gosto muito. Com episódios muito nossos. E muito bem escrito.

      MArgarida, experimente, que não se vai arrepender. E o seu marido irá agradecer-lhe :)

      Ondina, realmente. Infelizmente, eu e o Mário já não estamos na mesma escola. Os intervalos estão bem mais desinteressantes sem ele:)

      Maria, pois é:) Eu acho que este passa a ser o bolo favorito de quase toda a gente que o prova :)

      Beijinhos para todas

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    9. Este bolo tem tudo para ser perfeito. Adorei o aspecto e os ingredientes
      Um beijinho

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    10. Gostei da receita, do nome alterado, das histórias que trazem associadas. Por isso terei que o fazer!...
      Beijo de domingo.
      Com sol e frio;)
      Babette

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    11. Gisela, é muito bom. Vais gostar.

      Babette, faça. Penso que não se arrependerá. Por aqui, o tempo tem estado primaveril: sol e céu azul.

      Beijinhos

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    12. Ainda agora descobri este blog e já me tornei fan. Muito bom! E que bolo lindissimo. Bom domingo *

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    13. Tânia, obrigada pela sua visita e comentário simpático. E muito sucesso para o novo blogue.
      Beijinhos e bom domingo para si também.

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