domingo, 12 de junho de 2016

Pico

O Pico não tem uma paisagem fácil. Pelo menos, não tem a beleza verde e óbvia de ilhas como S. Miguel, S. Jorge ou Flores. O Pico é uma ilha negra e dura. Imponente como a montanha que lhe dá o nome. Se há quem, como Raúl Brandão, a considere a mais bela dos Açores, com um poder de atração quase hipnótico, também há quem não aprecie a sua beleza negra. 
Eu andei anos a não gostar do Pico. Desde a adolescência, quando a visitei pela última vez, numas férias com os meus pais. Não achei graça à paisagem de pedra, nem ao ambiente que, na altura, considerei demasiado parado. Há dois anos, o meu marido visitou a ilha, com um grupo de alunos. E gostou muito. Quando chegou, disse que havíamos de ir os três. 
Este fim de semana, fomos ao Pico. O tempo não esteve bonito. Nem sempre vimos a montanha. Às vezes, lá se mostrava, afastando o manto que a cobriu quase todo o fim de semana. Mas, a maior parte do tempo, esteve escondida por entre um nevoeiro intenso. Apesar disso, passeámos bastante, quase sempre sem destino certo. Para onde o carro e a vontade nos levavam. Vimos vinhas saídas de pedras negras. Provámos vinho. Comprámos artesanato a holandeses que se apaixonaram pela ilha e se fixaram na Ribeirinha, na ponta mais remota. Jantámos veja com açorda no Ancoradouro, enquanto chovia lá fora. E almoçámos no Cella Bar, o bar mais falado do momento. Bebemos Frei Gigante. Visitámos museus e vimos fotografias de baleeiros e percebemos um pouco como funcionava uma atividade que até há poucos anos foi meio de subsistência de muitas famílias. 
Mas o que de melhor retirámos desta viagem foi o reencontro com a Nilde, amiga de longa data, que já não víamos há muito. Conhecemo-nos há 20 anos. Morámos juntas, quando andávamos na Universidade. Os anos passaram e estivemos muito tempo sem nos vermos. Foi um encontro emotivo, que a idade está a tornar-nos piegas :) Recordámos aventuras e uma ou outra desventura. Os nossos filhos, com um ano de diferença, deram-se logo bem. Conhecemos o António, o marido, também do Pico. E passámos horas à conversa. Foi muito bom. E trouxe para a Terceira morangos deliciosos, cultivados pelo António. E doce de morango :) E a vontade de nos reencontrarmos. Cá ou lá.
Precisava deste fim de semana para me reconciliar com esta ilha. 












(São Roque)




(Barro & Barro - Ribeirinha)


(Lajes)



(Museu dos baleeiros - Lajes)






(Paisagem da cultura da vinha da Ilha do Pico - Património da Humanidade pela UNESCO)
















(Restaurante Ancoradouro)

Fica ainda a música que andei a trautear todo o fim de semana. 



E o meu pequeno-almoço de hoje. Com os morangos da Nilde, na taça do Barro & Barro :)




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O Acre e Doce é um blogue que celebra a vida de casa, principalmente os momentos passados à volta da mesa. É um blogue de coisas que nos fazem felizes, sejam uma refeição, um filme, um livro ou um ramo de flores frescas.